quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Parem de tocar Anitta nas festas de criança. Apenas parem

Anitta

Um dia desses fui com o meu filho em um buffet infantil para festa de uma amiguinha. A música que anunciou que a pista de dança estava aberta para os pequenos foi: “Prepara. Que agora. É hora. Do show das poderosas. Que descem. Rebolam. Afrontam as fogosas. Só as que incomodam. Expulsam as invejosas. Que ficam de cara. Quando toca”. “Show das Poderosas”, da funkeira Anitta.
Festinha do dia das crianças do condomínio ao lado de onde moro, ano passado. Vejo um “pula-pula” sendo montado logo cedo. Escorregador inflável. Avisto um palhaço. Mas sabe como soube que a festa finalmente tinha começado, horas depois? “Se não tá mais à vontade, sai por onde entrei. Quando começo a dançar eu te enlouqueço, eu sei. Meu exército é pesado, a gente tem poder. Ameaça coisas do tipo você.”
E comecei a pensar de onde as pessoas tiraram a ideia de que essa música tem alguma relação, mesmo que remota, com o universo infantil. E quero deixar claro que não tenho nada contra a Anitta. Mesmo. Acho que ela tem seu valor, que “Show das Poderosas” deve ser uma música ótima para dançar na balada. Mas não consigo entender como ouvir “descem, rebolam, afrontam as fogosas” pode ajudar na formação ou no vocabulário do meu filho ou de alguma criança deste mundo.
Mas voltemos à festa no buffet para que justiça seja feita, afinal, não foi só a música da Anitta que apareceu por lá . Logo começou uma “gemeção”: “Nossa. Nossa. Assim você me mata. Ai, se eu te pego. Ai, se eu te pego. Delícia. Delícia. Assim você me mata. Ai se eu te pego, ai, ai…”
Gosto muito do Michel Teló. Inclusive já o entrevistei uma vez. Ele faz sucesso no mundo todo, do Brasil à Romênia. Fez com que gente que nunca tinha falado uma palavra de português começasse a cantar na nossa língua. Samuca logo quis saber do que se tratava aquela letra quando assistiu ao clipe de “Ai se eu te pego” no Youtube – a música, patrocinada, aparecia sempre antes do desenho favorito dele. Expliquei, num susto, que o “ai se eu te pego” era sobre brincar de pega-pega. E me senti esperta. Só que na festa eu estava alerta e com medo de não ser tão rápida no gatilho se viesse uma próxima pergunta. Por isso logo tirei meu filho de lá com um argumento infalível: “vamos comer um brigadeiro?”. Dito e feito. “Mulheres na frente, os homens atrás. Mão na cabeça que vai começar. O rebolation, tion o rebolation, o rebolation, tion, rebolation”.
Claro que esse tipo de música não toca em todos os buffets infantis. Claro que a grande maioria de mães e pais tem cuidado na hora de escolher o que os filhos podem e devem escutar quando o assunto é música. Ainda bem.
Aposto que vão chover e-mails dizendo que  “não podemos colocar nossos filhos em uma redoma de vidro”. Ou que “essas músicas tocam na rádio o dia inteiro, não há como evitar que eles ouçam” ou que “isso é questão de gosto” e até coisas mais pesadas: “Nossa, Rita, como você é preconceituosa! Funk é um movimento cultural e musical e… ” e blá blá blá.
Só acho mais legal que meu filho saiba que “com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”. Ou que queira “pegar carona nessa cauda de cometa, ver a via láctea, estrada tão bonita. Brincar de esconde-esconde numa nebulosa. Voltar para a casa, nosso lindo balão azul!”
Muito anos 80? Pode ser.
A letra da música preferida de Samuca, menino fabricado em 2009/modelo 2010, é essa: “Acordei com o pé esquerdo. Calcei meu pé de pato. Chutei o pé da cama. Botei o pé na estrada. Deu um pé de vento. Caiu um pé d’água. Enfiei o pé na lama. Perdi o pé de apoio. Agarrei num pé de planta. Despenquei com pé descalço. Tomei pé da situação. Tava tudo em pé de guerra. Tudo em pé de guerra”.
Ontem começou uma chuvona dessas que caem todo fim de tarde em São Paulo. E Samuca comenta comigo, todo feliz e sabido. “Que pé d´água, né, mamãe?”
PS: Obrigada, Palavra Cantada – Sandra Peres e Paulo Tatit – pela graça alcançada.
http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ser-mae/parem-de-tocar-anitta-nas-festas-de-crianca-apenas-parem/
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição




Julio Cesar disse:

Estamos em uma guerra cultural. Vemos e ouvimos de tudo. Mas, não conseguimos filtrar o essencial, o belo. Preferimos ficar com aquilo que mais agrada a sociedade, os meus amigos. Temos medo de sermos diferentes. Temos medo de sermos taxados como fundamentalistas, alienados, ETs.

Tenho acompanhado muitas musicas, e tenho me deparado em tantas letras depreciativas. Letras que banalizam o sexo e a dignidade humana, empurrando-a a um mero objeto de desejos dos outros. A felicidade, estar no uso, e no seu descarte.

Sou pai, e não privo o meu filho de viver. Privo de estarem em ambientes onde favoreça a degradação da figura humana. Acredito que, para ser homens e mulheres de verdade, e ainda realizados, não precisamos nos depreciar tanto. Não podemos chegar ao ridículo. Ensino os meus filhos a viverem nesse mundo, sendo pessoas diferentes, e não conforme o que o mundo dita.

Escolher forma e meios que ridicularize a pessoa, não é amor. Respeitar as pessoas, e seus corpos. Escolher sempre a verdade. Escolher o certo, mesmo que todos não façam o mesmo. Os meus filhos não vão ser homens, simplesmente por usar e abusar do outro. Os meus filhos, vão ser homens para valorizar a vida, a pessoa, a sua humanidade como Cristo fez. Cristo, será o modelo que eles procuram.

Todo pai e mãe tem que sempre procurar o que é bom e saudável para seus filos. Vulgarizar o corpo, ou sensualizar os nossos filhos, de forma a chamar atenção dos demais, não ajuda em nada. Deplora a imagem deles, e pode colocar eles em risco. Sempre há pessoas com más intenções. E, como amamos os nossos filhos, temos que os proteger de potenciais predadores.

Se, começarmos a desvalorizar o ser humano, apresentando aos nossos filhos a figura de homem e mulher sem respeito, sem ética, sem valor Cristão algum, com certeza, eles irão apresentar problemas de comportamento em seu desenvolvimento, e muita dor de cabeça teremos por não saber educar da forma correta e verdadeira.

Decidir por boas musicas. Bons programas, estamos educando os nossos filhos para a vida. Acordemos pais. Não podemos deixar que o mundo deforme os nossos filhos.

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