sexta-feira, 6 de maio de 2016

'Sou abençoada', diz Josimara, mãe de quatro crianças com microcefalia


"Eles são uma benção de Deus. Ele escolhe as mães para cuidarem desses anjinhos. Eu me sinto escolhida. Sou abençoada, e não largo meus filhos por nada nesse mundo", enfatiza Josimara Ramos Alves, de 25 anos, após dar mamadeira para os quatro filhos que possuem microcefalia. A família, composta pelos pais e cinco crianças, mora em Vilhena, cidade localizada a 700 quilômetros de Porto Velho. A mãe afirma que a doença das crianças não tem relação com o vírus da zika.

Sorridentes, carinhosos e sensíveis são algumas das características dos "anjinhos", como diz a mãe. A história das crianças começa há 10 anos, quando Josimara engravidou do companheiro, Elias Cruz Rodrigues, agora com 31 anos.
Com 15 anos, ela teve a primeira filha, Ketrulin, que nasceu com sete meses de gestação. "Não conhecia a doença. Quando o doutor disse que ela tinha microcefalia, fiquei muito assustada, chorei muito. A minha primeira menininha vinha com problemas. Mas pedi a Deus, e ele foi me dando forças", lembra.
Depois de Ketrulin, veio Lucas de nove anos; Alerrandro de quatro anos; Maria de três anos, e o caçula Elias Davi, de 11 meses. Alerrandro é o único filho que não apresentou a doença. De família humilde, a mãe fala que não sabe ao certo o motivo das quatro crianças nascerem com microcefalia. Ela diz que realizou o pré-natal de todas as gestações, que o diagnóstico foi dado após o nascimento, e que é o primeiro caso da doença na família.
"O doutor sempre disse que era genético. Eu e meu esposo fizemos exames para ver o que era o problema, mas não conseguimos achar. Continuamos tentando ter um filho sadio. Foi a maior felicidade do mundo. Mas veio os especiais também, e eles são todos as nossas bênçãos", explica.
Os maiores gastos dos pais são com fraldas, leite e remédios. A mãe explica que as crianças têm dificuldades de engolir, então o principal alimento é o leite. Ao todo, são 20 mamadeiras por dia. A família sobrevive com o salário mínimo do marido, mais um salário da pensão de Ketrulin.
Rotina

A rotina da família começa às 5h, quando o marido sai para trabalhar em um posto de gasolina como lavador e retorna às 19h. Enquanto isso, Josimara fica em casa com os quatro filhos, pois Ketrulin é cuidada pela avó. "Morávamos junto com minha mãe, e Ketrulin se acostumou com ela. Quando ganhamos a casa popular, há três meses, minha mãe continuou nos ajudando nos cuidados com ela", diz.
A mãe conta que Alerrandro também ajuda na casa, em pequenas tarefas, como pegar mamadeiras, fraldas, e até lembra a hora dos remédios dos irmãos.  Ela também revela que nunca sofreu preconceito por causa da condição de seus filhos, mas admite o cansaço do dia a dia.
"Eu não vou mentir, às vezes bate o cansaço. Já tivemos várias dificuldades, já fiquei com os quatro internados. Choro, peço forças a Deus e volto à rotina. Eles são meus anjinhos. Vão ser crianças até ficarem velhinhos. Vai ser muito tempo trocando fraldas e dando mamadeira", conclui. 

Microcefalia 

O pediatra Juan Fredy Ebert Valenzuela explica que a microcefalia é uma condição neurológica em que o bebê nasce com o crânio menor do que o normal. A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 centímetros.
De acordo com o médico, a microcefalia pode ser causada por doença adquirida ou congênita. Algumas das alterações adquiridas acontecem por infecções como as causadas pela rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose e pelo vírus da zika. "Ingestão de drogas ilícitas, álcool e medicamentos como a talidomida também provocam efeitos colaterais durante a gravidez", complementa.
Já a congênita, pode ter característica hereditária ou genética. "No caso dos filhos da dona Josimara, o diagnóstico apontou para hereditária, ou seja, a microcefalia necessariamente passará de uma geração a outra. Se fosse genética, haveria apenas uma probabilidade do gene se manifestar e não uma certeza", ressalta.
O profissional alerta para a importância da mulher fazer o planejamento e passar por avaliação médica, junto com o parceiro, antes da gestação. Ao engravidar, ele enfatiza que a gestante precisa fazer o pré-natal, quando se é possível prevenir ou detectar doenças infecciosas.
"As complicações para uma criança com microcefalia são muitas, como dificuldades na fala, audição, locomoção, coordenação e equilíbrio. Precisa de um tratamento regular com médicos especialistas para ajudar na qualidade de vida da criança", conclui.
http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/sou-abencoada-diz-josimara-mae-de-quatro-criancas-com-microcefalia.html


'Foi amor à primeira vista', diz dona de casa ao adotar bebê com microcefalia




Em Pernambuco, existem 339 mães de bebês com microcefalia. Os filhos delas nasceram com a malformação do cérebro, mas, para algumas mulheres, ser mãe de uma criança especial foi uma opção. É o caso da dona de casa Kely Romoaldo, que procurava uma criança para adotar há mais de um ano. Ao conhecer Maria Vitória, no fim de abril, sabia que ela seria sua para sempre. [Veja vídeo acima]


“Quando vi Maria Vitória, eu disse: ‘É ela, minha filha. Vou adotar ela. Foi à primeira vista, certeza absoluta. Eu disse: ‘É ela’. Isso é amor de mãe, não tem nem o que explicar”, relembra. A bebê, de 7 meses, conheceu o abandono logo ao nascer: foi deixada na maternidade e passou por dois abrigos. Mas a história da menina começou a mudar quando Kely colocou os olhos nela.

O fato de a bebê ter microcefalia não impediu a adoção. “Eu quero mais é dar o suporte para ela como mãe: meu carinho, o meu amor, os cuidados que ela tem que ter. Minha vida está bem colorida agora”, conta Kely.


A maratona pelos centros de referência pra estimular o desenvolvimento da Maria Vitória não para. Duas vezes por semana, ela leva a filha para fazer uma série de terapias. Mas Kely não reclama nem se cansa. “Já me adaptei, vai ser por muito tempo, até ela se recuperar”, diz a dona de casa. Ser a mãe da Maria Vitória é o grande presente para Kely. O mais difícil até agora são as convulsões: mãe e filha sofrem juntas quando aquelas acontecem. “Aí eu canto para ela, aperto ela no meu braço, converso até passar, aí vai passando”, diz Kely.



Em casa, a família está completa. Kely tem um filho de 14 anos de um relacionamento anterior e o marido dela, Josimar Pereira, tem três filhos adultos e oito netos do primeiro casamento. “A gente queria uma criança e não pensava que fosse como ela. E Deus mandou a Vitória, e a gente se apaixonou”, conta o pai.

Maria Vitória garantiu um lugar no coração do casal e deu um novo significado para a vida dos dois. “De manhã, eu acordo e faço: ‘Cadê a florzinha da mamãe?’. Ela olha para mim e fica rindo. Aí eu não sei se choro, se converso, se pego ela. Todo dia é assim a vida da gente”, se emociona Kely. “Não tem papel melhor do que este: ser mãe”, complementa.

http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/05/foi-amor-primeira-vista-diz-dona-de-casa-ao-adotar-bebe-com-microcefalia.html


'Sou mãe por opção', diz mulher que adotou irmãos com paralisia cerebral




Quando adotou os gêmeos Miguel e Isaac, hoje com 17 anos, a paraibana Graça Lins, de 51 anos, não sabia que eles tinham nascido com paralisia cerebral. Mas a descoberta, logo na primeira visita a um pediatra, não foi um empecilho para que ela se dedicasse a ser a melhor mãe que pudesse para as crianças que escolheu acolher nos primeiros meses de vida.

Os meninos nasceram no sétimo mês de gestação em João Pessoa, na Maternidade Cândida Vargas. A mãe biológica deles morreu no parto e os gêmeos nasceram convulsionando. Eles tiveram que ser reanimados e foram transferidos para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto Arlinda Marques, também na capital. “Eles tiveram todos os riscos de morrer”, lembra Graça.

Graça soube que os gêmeos estavam disponíveis para adoção quando eles estavam com um mês e uma semana de vida. “Uma pessoa chegou na mesa de restaurante que eu estava com o meu marido na época e falou dessas crianças, que estavam abandonadas. Eu e ele falamos ao mesmo tempo ‘vamos adotar?’”, contou Graça. O casal estava casado há 5 anos e ainda não tinha filhos.

Só depois do fim do processo de adoção, nove meses depois, Graça e o marido descobriram que os meninos tinham paralisia cerebral. “Foi um choque no início, mas seria até se fosse um filho natural. Quando você descobre, na gestação, que vai ter um filho com problema, é um choque muito grande. Mas a gente encarou. Não ia devolver. Até porque eles não são uma mercadoria que você vai no supermercado e devolve”, explicou Graça. “Eles são lindos e apaixonantes. Eu apenas faço o meu trabalho de mãe, de cuidar”, disse.
Por causa da paralisia cerebral, os gêmeos, que têm limitações físicas e cognitivas, precisam fazer sessões de fisioterapia e fonoaudiologia e frequentar um centro de atividades especiais. Para ficar com os filhos quando estão fora da escola, Graça só pode tabalhar em um turno. Apesar dessa dedicação em tempo integral que eles exigem, ela diz que não se arrepende em nenhum momento de ter adotado Miguel e Isaac.

“Eu faria tudo novamente. Eu não tenho filho biológico para comparar, mas acredito que o meu amor por eles é igual ou talvez ainda maior. Porque quando você adota, você consegue amar alguém que não saiu de você. Ele não é gerado no útero, é gerado no coração. Quando uma criança nasce de você, é quase que uma obrigação você cuidar dela. Mas amar alguém que você pegou para criar é uma opção de amor. Eu sou mãe por opção”, disse.
http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2016/05/sou-mae-por-opcao-diz-mulher-que-adotou-irmaos-com-paralisia-cerebral.html

Nota do moderador sobre a materia em exposição 



Julio Cesar Carneiro disse:

Nenhum comentário:

Postar um comentário