A perseguição aos cristãos se encontra em uma de suas piores épocas e se assemelha ao que aconteceu com os mártires durante os primeiros séculos da Igreja.
O Patriarca Copto Católico de Alexandria (Egito) Ibrahim Isaac Sidrak, conversou com o Grupo ACI sobre o terrível assassinato de 21 cristãos coptos egípcios na Líbia às mãos do autodenominado Estado Islâmico e sobre a situação de instabilidade que se vive em todo o Oriente Médio.
“Eu nunca lhes chamo ISIS porque sou egípcio e para nós esse é um nome bonito (é o nome grego de uma deusa da mitologia egípcia), chamamo-los terroristas”, explica logo no início da entrevista.
Sobre sua origem e desenvolvimento, afirma que “este grupo terrorista não está sozinho” mas “faz pensar em muitos outros, não só indivíduos, não só grupos, mas também, infelizmente, governos que estão por trás”. “Têm seus próprios interesses políticos, econômicos...”. E se pergunta: “Desde quando começamos a escutar falar deles? Faz dois ou três anos? Onde estavam antes? Foi criado por quem? Quem lhes apoia agora? Quem lhes dá dinheiro? E armas?”.
Em relação ao assassinato dos 21 homens, explica que “os cristãos, falando sempre do Egito e dos coptos, foram um instrumento de negociação. São a parte frágil”.
Esta é a razão pela qual “são usados como instrumento, para criar desordem no Egito, para criar uma guerra civil... mas não são vistos só como cristãos. Este grupo não tem nada para fazer com o mundo muçulmano simples”, disse o Patriarca.
A isto adicionou que “o mundo muçulmano que nós conhecemos no Egito está formado por pessoas simples que querem viver em paz, com todos”.
De novo em alusão aos sanguinários terroristas afirma que “são pagos por alguém e fazem o que outros pedem que façam”.
Mas o Patriarca lança também uma advertência: “infelizmente, há muito tempo atrás dissemos para a América e a Europa: 'Estejam atentos, porque um dia chegarão até vocês', mas ninguém acreditava. Agora vemos o que aconteceu em Paris e ameaçam a todo mundo”.
“Não se pode deter estes terroristas se a América ou Europa não deixam estes planos egoístas”, adverte. Para ele, “só buscam o comércio de armas e colocar a mão no petróleo... Se não fizermos que estes deixem de ser o objetivo essencial, se não olharmos para a pessoa humana, infelizmente isto continuará”.
Sobre a atual situação do Iraque, assinala que “antes da guerra havia problemas, mas não tão graves como agora. Agora todo Oriente Médio está destruído. Isto é o resultado do egoísmo mundial”.
“Não sei o que o Estado Egípcio fará a partir de agora, realizaram alguns ataques, mas isto ao final é algo momentâneo. Não queremos entrar em uma guerra, provamos a guerra e ninguém ganha, todos perdem”, diz cortante.
“A guerra é um ato diabólico. Assassinar as pessoas, destruir a vida é ir contra a humanidade”, assegura ao ser perguntado pela resposta do Egito depois do assassinato dos cristãos.
Precisamente, em alusão ao terrível atentado, assegura que “o medo não resolve nada”.
“Estes pobres egípcios que foram assassinados eram jovens simples, jovens de cultura média que tinham uma fé muito forte. Eu aprendi com eles e não eles comigo”.
E por sua vez faz uma revelação: “não vi, porque não quero, o vídeo de sua execução, mas imagino que estes jovens verdadeiramente se apresentaram com fé. Isso me dá mais coragem”.
“São um exemplo do qual devemos aprender e imitar”, diz acrescentando depois: “Estamos voltando aos primeiros tempos dos mártires”.
De fato, “o calendário da Igreja no Egito se chama o 'calendário dos mártires'. No século III, quando foi assassinado um número grande de cristãos, cerca do ano 280, criamos o calendário copto”.
“Eu digo que os cristãos não devem ter medo porque o medo bloqueia a mente. Devemos pensar bem e fazer o bem para todos. Criar e educar uma nova geração que ame a vida. Também por exemplo no que se refere aos filmes, aos vídeos e aos jogos de caráter violento, que criam uma psicologia doentia”.
http://www.acidigital.com/noticias/patriarca-copto-catolico-do-egito-por-tras-do-estado-islamico-ha-interesses-politicos-e-economicos-50408/
Ex-Ministra do Iraque afirma: Há um genocídio de cristãos do qual ninguém fala
KONIGSTEIN, 26 Fev. 15 / 03:53 pm (ACI/EWTN Noticias).-
"No Iraque está acontecendo um autêntico genocídio do qual ninguém quer falar e nenhuma instância internacional se ocupa", assim o denunciou Pascale Warda, ex-ministra iraquiana entre os anos 2004 e 2005.
Em roda de imprensa organizada pela organização internacional Ajuda à Igrejaque Sofre (AIS) e pela Fundação Promoção Social da Cultura (FPSC), Pascale Warda assegurou que "necessitamos ajuda internacional para lutar contra o Estado Islâmico. É diabólico. É um movimento internacional de terrorismo que necessita soluções autênticas internacionais".
Em sua opinião, o Estado Islâmico (EI) só quer "aniquilar" a presença cristã e toda minoria social e religiosa que se oponha aos seus princípios, quando a comunidade cristã no Iraque se remonta ao século I, muito antes da chegada do Islã. "Em Mosul pela primeira vez agora em 2.000 anos não se celebra aEucaristia. É uma etapa histórica muito negra" para os caldeus.
"Os cristãos estão sendo massacrados e têm que buscar agora como restabelecer a sua existência em um país que é seu muito antes que dos outros. É muito difícil, são poucos e estão enfraquecidos", disse.
Neste sentido, Warda advertiu aos países ocidentais que se o Estado Islâmico "está agora localizado no Iraque, amanhã mesmo pode estar em seus próprios países" e, por isso, pediu colaboração à comunidade internacional para solucionar o problema.
Warda é uma das principais vozes contra a falta de liberdade religiosa no Iraque e, desde a irrupção do Estado Islâmico, documentou os abusos contra os Direitos Humanos que são cometidos em seu país.
É católica caldeia, fundadora da Sociedade Iraquiana pelos Direitos Humanos (SIDH), e Presidente da Organização Hammurabi de Direitos Humanos. Além disso, participou com a AIS no lançamento em Roma do Relatório sobre a Liberdade Religiosa 2014.
Para sustentar aos 120.000 cristãos iraquianos que se encontram refugiados no Curdistão, a Fundação pontifícia começou em dezembro do ano passado a maior campanha de seus 50 anos de presença na Espanha.
Em Bagdá, a Fundação Promoção Social da Cultura continua com a Campanha “Um grito de ânimo”, também para apoiar as famílias que fugiram do norte e estão refugiadas na capital.
Mais informação: www.fundacionfpsc.org/iraq
http://www.acidigital.com/noticias/ex-ministra-do-iraque-afirma-ha-um-genocidio-de-cristaos-do-qual-ninguem-fala-26960/
Núncio na Síria comenta situação no país; Papa reza
pelo povo
Dom Zenari fala do medo dos cristãos e de todo o povo diante do avanço dos jihadistas, recordando também o sofrimento devido à guerra civil
Da Redação, com Rádio Vaticano em italiano
De Ariccia, cidade romana onde participa do retiro de Quaresma, o Papa Francisco acompanha com preocupação a situação na Síria. Continuam a chegar notícias dramáticas para a população civil e, em particular, para a minoria cristã. Só nesta semana, 90 cristãos foram sequestrados pelo Estado Islâmico.
O núncio apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari, diz que Francisco pensa continuamente na Síria, na situação dos cristãos e no sofrimento de todo o povo. “Ele é continuamente informado e a sua oração está sempre em sintonia com o sofrimento deste povo e dos cristãos, em particular”.
O avanço dos jihadistas do Estado Islâmico no nordeste da Síria devastou numerosos vilarejos habitados por maioria cristã: cerca de 220 cristãos foram capturados. Dom Zenari comenta essa situação atual, destacando como o povo sírio se sente abandonado em meio a tamanha tragédia.
Confira a entrevista:
Nesta situação, cresce o medo entre os cristãos?
Dom Zenari – Naturalmente, estes fatos causam medo, sobretudo nos grupos minoritários que são os mais expostos, que sempre foram o elo mais fraco da cadeia e estes fatos não ajudam em nada a confiança no futuro. Já há algum tempo a comunidade cristã vive nesta situação de tensão e se pode bem entender. Porém direi que, além dos cristãos, todo o povo tem medo destes acontecimentos, sobretudo daqueles que acontecem nestas zonas sob o comando destes jihadistas. Não somente os cristãos, mas todo o povo teme, tem medo e, se pode, foge.
Os cristãos se sentem abandonados pela Comunidade Internacional?
Dom Zenari – Esta é um pouco a percepção que vejo aqui no povo em geral e nos cristãos em particular. Não veem, infelizmente, resultados tangíveis. E pode-se entender um pouco essa lamentação.
Dom Zenari – Esta é um pouco a percepção que vejo aqui no povo em geral e nos cristãos em particular. Não veem, infelizmente, resultados tangíveis. E pode-se entender um pouco essa lamentação.
O que se pode fazer para deter o avanço dos jihadistas?
Dom Zenari – Direi que aqui a Comunidade Internacional já está procurando implementar algumas linhas. Será preciso ainda continuar neste caminho, com a unidade dos esforços e das medidas da Comunidade Internacional. Algumas medidas já foram adotadas, como aquela de cortar o abastecimento que chega a este povo, as contas bancárias, o petróleo; ou aquele de parar aqueles que foram tomados por esta ideologia e que talvez da Europa vão para estas áreas. Então, várias medidas. É preciso procurar parar esta situação.
Dom Zenari – Direi que aqui a Comunidade Internacional já está procurando implementar algumas linhas. Será preciso ainda continuar neste caminho, com a unidade dos esforços e das medidas da Comunidade Internacional. Algumas medidas já foram adotadas, como aquela de cortar o abastecimento que chega a este povo, as contas bancárias, o petróleo; ou aquele de parar aqueles que foram tomados por esta ideologia e que talvez da Europa vão para estas áreas. Então, várias medidas. É preciso procurar parar esta situação.
A situação humanitária é catastrófica. O que o senhor pode comentar a respeito?
Dom Zenari – É aquilo que vem descrevendo há algum tempo a Comunidade Internacional e as Nações Unidas: é uma das catástrofes humanitárias mais graves depois da Segunda Guerra Mundial. E isto está aos olhos de todos! É preciso parar e resolver a situação do conflito civil, mas, ao mesmo tempo, também o avanço desse califado.
Dom Zenari – É aquilo que vem descrevendo há algum tempo a Comunidade Internacional e as Nações Unidas: é uma das catástrofes humanitárias mais graves depois da Segunda Guerra Mundial. E isto está aos olhos de todos! É preciso parar e resolver a situação do conflito civil, mas, ao mesmo tempo, também o avanço desse califado.
Na Síria há duas frentes de guerra. Como lidar com essa situação?
Dom Zenari – Há duas frentes e uma é mais grave que a outra. Há a frente da guerra civil, que dura já há quatro anos e dentro de três semanas entraremos no quinto ano de guerra civil: esta causou mais de 200 mil mortos, mais de um milhão de feridos, mais de 7 milhões de deslocados internos e 4 milhões de refugiados. Não se pode esquecer os danos e os mortos de cada dia, os deslocados e os refugiados que são resultados a cada dia da guerra civil. E mais, há estes fatos tão hediondos e terríveis nas zonas sob o controle do califado. Não se pode esquecer as duas frentes que, infelizmente, são uma pior que a outra!
Dom Zenari – Há duas frentes e uma é mais grave que a outra. Há a frente da guerra civil, que dura já há quatro anos e dentro de três semanas entraremos no quinto ano de guerra civil: esta causou mais de 200 mil mortos, mais de um milhão de feridos, mais de 7 milhões de deslocados internos e 4 milhões de refugiados. Não se pode esquecer os danos e os mortos de cada dia, os deslocados e os refugiados que são resultados a cada dia da guerra civil. E mais, há estes fatos tão hediondos e terríveis nas zonas sob o controle do califado. Não se pode esquecer as duas frentes que, infelizmente, são uma pior que a outra!
http://noticias.cancaonova.com/nuncio-na-siria-comenta-situacao-no-pais-papa-reza-pelo-povo/
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