sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Quando os meninos viram homens?

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Alfred Binet [foto], célebre psicólogo,(1) legou-nos um estudo em que assentou balizas para o entendimento das diferenças intelectuais existentes entre o adulto e a criança.

Binet toma como base quatro funções intelectivas: direção, compreensão, invenção e censura. Pois bem: aplicando ao nosso tempo os critérios de Binet pode-se concluir que houve uma infantilização do homem no século XX, sobretudo depois das Grandes Guerras mundiais.

Vejamos quais são essas quatro funções intelectivas. Iniciamos com uma característica evidente, que é a falta de direção da criança.

“A criança, em tudo o que empreende, mostra uma fraqueza de direção. É estouvada e inconstante; esquece logo o que está fazendo, ou se aborrece com o que faz, ou se deixa levar por uma fantasia, um capricho, uma ideia que passa. Em uma conversa, em uma descrição, salta de um assunto para outro, ao acaso das associações de ideias; faz despropósitos”.

Quantos conspícuos adultos de hoje não possuem a mesmíssima lacuna?

Outra característica deveria ser a compreensão.

“Sua compreensão [dos meninos] é superficial. Se a percepção deve passar da sensação simples para uma verdadeira compreensão, ela dá sinais de fraqueza.
Diante de uma cena de miséria, por exemplo, que representa mendigos jogados sobre um banco, a criança de cinco a seis anos dirá: ‘É um homem, … uma mulher … uma árvore’; uma criança de oito a dez anos tentará descrever o que ela vê: ‘O homem está sentado sobre um banco, há uma mulher junto dele’. É preciso uma inteligência adulta para ver além da gravura, compreender seu sentido e dizer, enfim: ‘São pessoas sem abrigo, na miséria, sofredoras’”.

Terá alguma coisa a ver com isso o “déficit de atenção”, que hoje se discute no ENEM?

E o adulto de hoje como está em matéria de compreensão? 

Continua Binet:

“A capacidade de censura é, nela, tão limitada quanto o resto. Mal se dá conta do que diz e do que faz; é tão desajeitada de espírito como de suas mãos; é notável sua facilidade em contentar-se com palavras sem perceber que não as compreende. Os ‘porquês’ com que sua curiosidade nos importuna não são nada embaraçantes, porque se contenta ingenuamente com as respostas mais absurdas”.

Pois bem, o que ontem eram limitações de uma criança em desenvolvimento, hoje tende a ser e é muitas vezes característica de um adulto “plenamente” desenvolvido.

A pessoa lê esse texto e se pilha pensando: Fulano tem um pouco disso. Beltrano tem algo daquilo. Ora, Fulano e Beltrano são homens adultos!

Não é inteiramente exato dizer que Fulano ou Beltrano têm espírito infantil, no sentido próprio. Mas em determinados pontos concretos, variáveis conforme o caso, dir-se-ia que neles a distância existente entre a idade adulta e a infantil diminuiu sensivelmente.

Trata-se de fragilidades que provocaram estranheza nas gerações anteriores. Escreve Carlos Alberto M. Pereira:

“Já desde os anos 50, era bastante visível na sociedade americana a familiaridade crescente que a noção de anti-intelectualismo vinha ganhando. Um exemplo desse fato é o surgimento de toda uma tradição boêmia — aquela dos beatniks — de verdadeiros representantes de um anarquismo romântico, cujo estilo, contestação e agitação, novo e radical quando comparado à luta da esquerda tradicional, estava apoiado sobre noções e crenças tais como a da necessidade do ‘desengajamento em massa’, ou da ‘inércia grupal’ ”.(2)

Só na sociedade americana? Nos anos 60 apareceram os hippies, “devotando-se a uma vida marcadamente sensorial e deixando-se arrastar por sua ludicidade e desprezo pelas satisfações de uma carreira e de um rendimento regular”.(3) E daí em diante prosseguiu o processo, até hoje. A humanidade está passando por uma verdadeira catástrofe antropológica, cuja vítima é o próprio homem.

Que é isso? Antropos é o homem e portanto catátrofe antropológica é a catátrofe do homem enquanto tal. Poucas coisas poderiam ser piores.

Ensina Plinio Corrêa de Oliveira “As muitas crises que abalam o mundo hodierno — do Estado, da família, da economia, da cultura, etc. — não constituem senão múltiplos aspectos de uma só crise fundamental, que tem como campo de ação o próprio homem. Em outros termos, essas crises têm sua raiz nos problemas de alma mais profundos, de onde se estendem para todos os aspectos da personalidade do homem contemporâneo e todas as suas atividades”.

Como diz a Sagrada Escritura: “Os pais comeram uvas verdes, e foram os dentes dos filhos que ficaram ásperos”… (Jer. 31, 29).
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Notas:
Esse famoso psicólogo e fisiologista francês (1857-1911) consagrou-se sobretudo ao emprego de testes para avaliação psicológica e mental. Estabeleceu também vários parâmetros úteis para o estudo da psicologia infantil.Publicou várias obras notáveis, entre as quais A Alma e o Corpo (1905) e As Ideias Modernas sobre as Crianças (Flamarion, 1911). 

Carlos Alberto Messeder Pereira, O que é Contracultura (Ed. Brasiliense, São Paulo, 1988, 6ª ed., p. 33).
ibid. p. 34.


Fonte: Agência Boa Imprensa

http://blog.comshalom.org/carmadelio/44980-quando-os-meninos-viram-homens

Homens que se recusam a amadurecer e a crescer. Você os conhece?



Diário do Nordeste


Medo de enfrentar a responsabilidade da fase adulta cresce entre a população masculina

O desejo de crescer e ser um adulto do dia para a noite já esteve presente na mente da maioria das crianças. Do outro lado, estão os que pensam e agem como o personagem da Disney, Peter Pan, o menino que quer ser criança para sempre. Esse medo de crescer acaba, portanto, não se restringindo apenas aos contos de fadas. Negar-se a amadurecer é, atualmente, uma realidade também para muitos adultos.

Chegar à vida adulta é um dos processos mais difíceis pelos quais temos de passar. Segundo o psicólogo e professor da Faculdade de Ciências Humanas do Centro de Estudos Superiores de Maceió/AL (CESMAC) e autor do artigo “Grupo de homens: repensando o papel masculino na sociedade contemporânea”, Fábio Ribeiro Machado, o medo de assumir responsabilidades, da perda do porto seguro que é a infância e de todo o choque que o crescer representa, são sentimentos comuns na adolescência, período no qual um turbilhão de sentimentos e de novas experiências traz insegurança e uma série de conflitos internos.


Novos Peter Pans

No século 21, ser um Peter Pan é comum a muitos homens que não conseguem atingir um estado de maturidade para encarar sentimentos e responsabilidades próprias de sua idade. São ansiosos e narcisistas, caracterizando, o que os especialistas chamam de Síndrome de Peter Pan, termo definido pelo psicólogo americano Dan Kiley, nos anos 1980.

Fábio Ribeiro Machado revela que, para esconder a dificuldade de encarar com maturidade as situações da vida, esses homens utilizam como defesa uma falsa alegria que, no início, é encarada pela sociedade como uma qualidade. São simpáticos e comunicativos, causando boa impressão principalmente nas mulheres. No entanto, a convivência mostra que nem tudo é como parece.


Super-protetoras

Trintões e quarentões que se negam a sair da zona de conforto da casa dos pais, não querem assumir responsabilidades, vestem-se e se comportam como adolescentes, abominam o casamento e dedicam grande parte do tempo à academia e ao cuidado com a aparência física, são prováveis candidatos a Peter Pans modernos. Quem não tem um na família ou já viu algum deles por aí?


Tripp, um trintão interpretado por Matthew McConaughey em “Armações do amor”, apesar de ter um trabalho, não quer nem pensar em deixar a casa dos pais. Relacionamentos de uma noite só, esportes radicais, motos, barcos e noitadas com os amigos são seus passatempos preferidos. O simpático solteirão não quer ter responsabilidades, muito menos um casamento, ou seja, Tripp, é um típico Peter Pan.

Assim como na maioria dos casos, é grande a influência da família, principalmente da figura materna. A mãe de Tripp é só mimos e faz tudo o que ele quer. Para Fábio Machado, a educação machista que a maioria das mães ainda dá aos filhos é um importante fator para o desenvolvimento da síndrome.
A prevalência masculina não se dá apenas por conta do amadurecimento feminino que ocorre mais cedo, mas também devido ao contexto social. A falta da figura do pai na sociedade moderna faz com que os meninos se transformem em homens sem nenhuma preparação. “Sem conhecer a dinâmica interior de um homem amadurecido e saudável, os meninos são forçados a buscar a sua ideia de individualidade em imagens muitas vezes distorcidas e idealizadas pela mídia”, explica Fábio Machado.

Adulto imaturo
A carreira profissional desses homens, muitas vezes é prejudicada, fazendo com que eles só trabalhem sob pressão. Narcisistas e explosivos, acham que os empregos são indignos a eles e entram constantemente em conflito com seus superiores. Fábio Machado explica que eles tendem a ter relacionamentos amorosos pouco duradouros e com mulheres mais novas ou imaturas. Se casados, as esposas terão de ser verdadeiras “mães”.


A aceitação do problema é uma das fases mais difíceis, porém, com a ajuda dos familiares e de um psicoterapeuta, esses homens podem chegar a um amadurecimento emocional e a uma consequente melhora na convivência social.

Atitudes infantis


É importante não confundir a Síndrome de Peter Pan com o Infantilismo. Este último caracteriza-se por uma espécie de sensação de bem-estar ao ter atitudes infantis como usar fraldas, mamadeiras e chupetas, vestir-se, comer e brincar como um bebê. Na maioria das vezes, esses atos são praticados secretamente, pois o indivíduo infantilizado tem vergonha de si. Ao contrário da Síndrome de Peter Pan, na qual há apenas o comprometimento da conduta e do modo de encarar a realidade, no infantilismo há uma regressão do adulto ao estágio infantil levando em conta a aparência e o comportamento.

Cuidados na infância

A família é o centro da formação psicossocial de um indivíduo. Um lar bem estruturado e algumas atitudes dos pais podem ajudar a evitar dificuldades de amadurecimento na fase adulta;

Os filhos não devem dormir constantemente na cama com os pais;

O pais devem deixar que os pequenos tenham fantasias, mas devem deixar claro os limites existentes entre a realidade e a ficção;

O berço precisa ser trocado pela cama assim que as crianças começarem a andar;

A chupeta e a mamadeira devem ser retiradas após os dois anos de idade;

As fraldas devem permanecer, no máximo até os três anos;

Deve-se tomar cuidado com atitudes e mimos proporcionados pelos avós e cuidadores.

http://blog.comshalom.org/carmadelio/14765-homens-que-se-recusam-a-amadurecer-e-a-crescer-voce-os-conhece
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição

Julio Cesar disse:

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