quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Colégio do Rio adota termo ‘alunxs’ para se referir a estudantes sem definir gênero em sua comunicação interna e em avaliações.

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Aviso mostra termos “prezadxs” e alunxs” 
O “x” pode deixar de ser a principal letra usada na matemática para se tornar protagonista em diferentes disciplinas escolares. O uso da letra para suprimir gêneros não é novo. Movimentos feministas e LGBTs já pregam a utilização de termos como “médicx”, “enfermeirx” e “advogadxs”. A novidade está no recurso em ambientes escolares. No Colégio Pedro II, em São Cristóvão, o “x” no lugar das letras “a” e “o” já está em avisos institucionais em murais e em cabeçalhos de provas. Para especialistas, é importante o debate sobre gênero, mas eles sugerem cuidado ao se decidir quando fazer isso.
— A alteridade faz parte do universo escolar. Por isso, é importante o jovem já saber isso no colégio. A questão é que o aprendizado é feito em etapas. O estudante precisa primeiro entender o que é gênero e sua aplicação linguística para depois debater sobre ela. É necessário, portanto, pensarmos em que momento esta discussão e estas supressões de gêneros nas palavras devam ser iniciadas —afirma Anna Fernandes, pedagoga especializada em alteridade pela UFRJ.
No Pedro II, as primeiras menções ao termo “alunxs” foram feitas pelo grêmio do colégio em seus jornais e informes. A atitude chamou atenção do professor de Biologia Alex Von Sydow que, ao conversar com os estudantes, soube que este assunto já estava sendo tratado em outras aulas como a de Sociologia.
— Com isso, comecei a tratar sobre o assunto de forma interdisciplinar nas minhas aulas. Em uma prova, como resultado deste processo, coloquei “alunxs” no cabeçalho. Na hora da aplicação não teve resistência mas depois alguns estudantes riscaram o termo e colocaram “aluno”. Foram poucos e isto é natural — afirma Alex.
O colégio afirma que não indica e nem proíbe o uso de termos em que o gênero é suprimido. Na entrada de uma de sua unidades, um aviso para falar de mudanças no cotidiano devido a uma obra, assinada pelo coordenador de disciplina Raul Oliveira, já adere, logo no começo, com “Prezadxs alunxs”. O Ministério da Educação afirma que há indicações para comportamentos que visem preservar a alteridade de gênero, como garantias de banheiros de acordo com a identidade de gênero, mas que não há nenhuma determinação sobre o uso de termos como “alunxs”.
O que é apontado pelos professores é que um debate não pode se sobrepor ao próprio aprendizado. Alex acredita que este tipo de discussão deve ser feita nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio, ambientes onde os estudantes possuem mais maturidade para este processo de desconstrução. A professora Anna Fernandes concorda com esta postura.
— Nas séries iniciais, é necessário saber que existe o gênero e as letras que o regem em nossa sociedade. Essa discussão já é um passo para mostrar uma primeira alteridade. Existe eu e existe o outro, que pode ser de um gênero diferente do meu. Ou seja, é um passo de cada vez.
Apesar desta indicação, o aviso sobre mudanças (veja acima) no dia a dia devido as obras no colégio Pedro II estava na porta da unidade que trabalha com as séries do primeiro segmento do ensino fundamental.

O Globo

Reitor do Pedro II rebate críticas ao termo ‘alunxs’


RIO — O Colégio Pedro II, em São Cristóvão, se viu em meio a um debate sobre liberdade de gênero depois que decidiu usar o “x” no lugar das letras “a” e “o” em avisos institucionais em murais e em cabeçalhos de provas. A intenção da tradicional instituição de ensino federal é englobar todos os gêneros — feminino, masculino ou transexual — em seus comunicados, adotando a sugestão dada por movimentos feministas e LGBTs que pregam a utilização de termos como “médicx”, “enfermeirx” e “advogadxs” para tornar a comunicação mais inclusiva. O recurso, porém, ainda é novidade em ambientes escolares e gerou polêmica, principalmente entre aqueles que acreditam que ele pode gerar confusão com relação à norma culta. Nas redes sociais, muitos pais de manifestaram a favor e contra a medida. Em entrevista a O GLOBO, o reitor do Colégio Pedro II, Oscar Halac, diz que o objetivo da escola não é alterar as regras da língua portuguesa, já que isso não compete à instituição, mas estimular que “todos os gêneros sejam acolhidos e com tolerância”.

— Neologismos fazem parte da sociedade moderna, ainda mais entre os jovens. Usar o “x” para suprimir o gênero de uma palavra foi a maneira que grupos que tratam do tema encontraram para chamar ao foco a questão do gênero. Então um grupo de professores e alunos decidiu também adotar o recurso — justifica Halac, rebatendo as críticas. — Tratar o assunto da diversidade, seja ela sexual, racial ou cultural, é fundamental em um colégio, principalmente porque a rejeição e o preconceito trazem muita dor às crianças e adolescentes.

O reitor ainda comenta que desde o início do ano letivo de 2015 a diversidade sexual e de gênero vem sendo trabalhada em sala de aula pelos 14 mil alunos e quase 1.400 professores da entidade. A aula inaugural, em março passado, foi ministrada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Rogério Diniz Junqueira, que falou sobre o “Cotidiano escolar, currículo e heteronormatividade”. Durante o ano ainda foram promovidos debates para a construção de uma política de gênero no âmbito do colégio, além da I Semana da Diversidade de Gênero, em agosto, e da I Jornada da Diversidade, este mês.


As primeiras menções ao termo “alunxs”, no entanto, foram feitas pelo grêmio do colégio em seus jornais e informes. Mas a coordenação rapidamente aderiu à novidade. Na entrada de uma de sua unidades que trabalha com as séries do primeiro segmento do ensino fundamental, um aviso que fala sobre mudanças no cotidiano devido a uma obra, assinado pelo coordenador de disciplina Raul Oliveira, traz, logo no começo: “Prezadxs alunxs”.

— No Pedro II, adotamos o posicionamento de respeitar o ser humano. Não adianta formar um expert em matemática ou português se não formar também um cidadão — afirma o reitor. — Inserir os alunos no contexto de uma sociedade cidadã deveria ser um compromisso de todas as escolas.

Esta semana, a reitoria também emitiu uma nota pública sobre a questão, ressaltando que “Não há nenhum ato oficial do Colégio Pedro II alterando a norma culta da língua portuguesa, mesmo porque isto não é da alçada do Reitor do Colégio Pedro II.

“Existem gêneros diferentes e isto é fato inconteste. (...) Nada mais concreto em amar o próximo que inserir socialmente todos com justiça e igualdade”, diz um trecho do comunicado oficial


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Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição




Julio Cesar disse:

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