O naufrágio que deixou 700 imigrantes
desaparecidos neste
domingo nas águas do Canal da Sicília, em águas próximas á ilha de Malta, fez
crescer a pressão para que a União Europeia tome atitudes emergenciais e amplie
a fiscalização no Mar Mediterrâneo. Centenas de pessoas têm embarcado em navios
clandestinos para fugir dos conflitos que se espalharam pela África e Oriente
Médio, sobretudo na Líbia, Síria e Iêmen. Os refugiados costumam pagar quantias
em dinheiro para criminosos que prometem uma viagem segura até o continente
europeu, mas que, na verdade, sobrelotam embarcações precárias e sem condições
de atravessar as águas que separam a costa africana de ilhas e bacias
localizadas ao sul da Europa.
"Gangues de criminosos estão
colocando pessoas na estrada para a morte. Nossas forças navais e a Marinha
italiana estão literalmente revirando corpos para tentar encontrar alguém com
vida", afirmou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, após o novo
desastre. O premiê italiano, Matteo Renzi, está viajando de volta para Roma e
já conversou por telefone com o presidente francês, François Hollande, sobre o
assunto. Renzi afirmou que a Europa está testemunhando "um massacre
sistemático no Mediterrâneo". "Como nos mantemos insensíveis ao
testemunhar populações inteiras morrendo em tempos em que as modernas formas de
comunicação permitem que nós saibamos de tudo?", afirmou o político, em declarações
reproduzidas pela rede ABC News.
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Hollande, segundo a rede
americana CNN, também pediu para que a União Europeia haja com mais vigor para
resolver a questão dos imigrantes. Para o grupo de defesa dos direitos humanos
Human Rights Watch, a tragédia, que pode ser a maior numa sucessão de episódios
semelhantes, exige que o assunto passe a ser tratado com urgência. "A
União Europeia está parada com os braços cruzados enquanto centenas morrem em
suas costas", afirmou Judith Sunderland, vice-diretora para assuntos da
Europa e da Ásia Central na organização. "Essas mortes poderiam ter sido
evitadas se a União Europeia lançasse um genuíno programa de busca e
resgate".
O chefe da organização
internacional Médicos Sem Fronteiras, Loris De Filippi, também atacou a inação
dos países europeus frente às repetidas tragédias envolvendo imigrantes.
"Uma vala comum está se formando no Mar Mediterrâneo e as políticas
europeias são também responsáveis por isso", disse Filippi, que comparou o
número de mortos na região ao de zonas de guerra. "Diante de milhares de
pessoas desesperadas que fogem de guerras e crises, a Europa fechou suas
fronteiras. Na busca por proteção, essas pessoas arriscam suas vidas e morrem
no oceano. É algo que pode e deve ser resolvido".
Os grupos de direitos humanos
sugerem que a União Europeia comece a vigiar o Mar Mediterrâneo em um perímetro
próximo às águas territoriais da Líbia. Segundo a ONU, apenas em 2015, 35 mil
pessoas cruzaram o Mediterrâneo em viagens clandestinas. No mesmo período, 950
mortes foram registradas - 400 delas na semana passada, numa embarcação que
zarpou da Líbia. Essa conta não inclui o acidente deste domingo.
A União Europeia comunicou que
planeja tomar ações para resolver o problema, mas não especificou quais.
"A Comissão Europeia está profundamente consternada com os trágicos
acontecimentos de hoje e dos últimos dias e semanas no Mediterrâneo. A
realidade é complexa e nossas atitudes precisam se tomadas à altura. Vidas
humanas estão em jogo, e a União Europeia, por ser um modelo, tem a obrigação
moral e humana de agir", disse a nota.
O papa Francisco recordou neste domingo as mortes de
imigrantes ocorridas nos últimos dias e pediu para que a comunidade
internacional haja de forma rápida e efetiva para evitar novas tragédias.
"Há homens e mulheres conosco, nossos irmãos, em busca de uma vida melhor,
famintos, perseguidos, feridos, explorados e vítimas das guerras", disse o
pontífice durante a tradicional pregação na praça São Pedro. "Diante desta
tragédia, expresso a dor do meu coração e prometo recordar as vítimas e suas
famílias em minhas orações. Faço um apelo sentido à comunidade internacional
para uma reação decisiva e rápida para que estas tragédias não se repitam".
(Da redação)
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/nova-tragedia-com-imigrantes-aumenta-pressao-sobre-a-uniao-europeia
Duas embarcações com cerca de 450 pessoas estão afundando no mar
Duas embarcações com cerca de 450 pessoas estão afundando no mar
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, informou nesta
segunda-feira que a Guarda Costeira de seu país e de Malta estão tentando
socorrer duas embarcações no litoral da Líbia com cerca de 450 imigrantes.
Renzi explicou que nas duas embarcações, que deram alarme após ficarem à deriva
a apenas 30 milhas náuticas (pouco mais de 55 quilômetros) do litoral da Líbia,
viajavam cerca de 450 imigrantes (entre 100 e 150 na menor e 300 na maior). O
primeiro-ministro da Itália deu esta informação durante uma entrevista coletiva
conjunta com o ministro maltês Joseph Muscat, com quem se reuniu hoje em Roma
por causa do último naufrágio no Canal da Sicília onde se acredita que entre
700 e 950 imigrantes morreram.
As informações de Renzi coincidem
com a informação dada pelo escritório da Organização Internacional de Migrações
(OIM), que recebeu hoje uma chamada de auxílio de uma embarcação com cerca 300
pessoas a bordo. Nem a OIM e nem as autoridades italianas falaram sobre a
possibilidade que haver mortos ou de as embarcações terem naufragado
completamente.
Segundo a OIM, as autoridades
"não têm os recursos para resgatá-los agora", em consequência do
naufrágio de outro barco no domingo, na costa da Líbia, que deixou centenas de
desaparecidos. A OIM acredita que as Guardas Costeiras provavelmente tentarão
desviar navios comerciais para o local em que o barco está afundando. Uma
operação complicada, pois segundo a organização alguns não querem colaborar.
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O novo incidente acontece no
momento em que a União Europeia organiza uma reunião conjunta de ministros do
Interior e das Relações Exteriores, convocada em caráter de urgência após o
naufrágio de domingo. Chanceleres da União Europeia prometeram tomar mais
medidas para impedir as mortes de imigrantes no Mediterrâneo, aumentando as
operações de resgate e prendendo traficantes de pessoas, após uma tragédia no
fim de semana em que até 700 pessoas morreram ao largo da costa da Líbia.
Muitos governos europeus têm sido relutantes em financiar as operações de
resgate no Mediterrâneo, por medo de incentivar mais pessoas a fazer a
travessia em busca de uma vida melhor na Europa, mas agora enfrentam indignação
com as mortes de refugiados. "O que está em jogo é a reputação da União
Europeia", disse o ministro das Relações Exteriores italiano, Paolo
Gentiloni, a jornalistas, ao chegar para a reunião. "Não podemos ter uma
emergência europeia e uma resposta italiana", acrescentou.
Os ministros das Relações
Exteriores realizaram um minuto de silêncio no início da reunião e terão a
companhia de ministros do Interior para uma discussão de emergência sobre crise
de imigração. Até agora, os países do norte da União Europeia têm deixado a
maior parte das operações de resgate para os Estados do sul, como a Itália. Na
semana antes da tragédia do fim de semana, a guarda costeira italiana resgatou
quase 8.000 imigrantes no Mediterrâneo, de acordo com a Comissão Europeia, o
órgão executivo da UE.
Pelo menos 3.500 pessoas, muitas
delas em fuga da pobreza e de conflitos na África, morreram tentando atravessar
o Mediterrâneo para chegar à Europa em 2014, de acordo com a ONU. A chefe de
política externa da UE, Federica Mogherini, também italiana, disse que está determinada
a construir um "senso comum de responsabilidade" para enfrentar a
crise, e que os dirigentes da UE estão considerando uma cúpula de emergência em
Bruxelas esta semana. "É dever moral (da UE) se concentrar em nossa
responsabilidade enquanto europeus para evitar que este tipo de tragédia se
repita", disse Federica.
Na Alemanha, a chanceler Angela
Merkel afirmou que está "comovida" com os naufrágios no Mediterrâneo
que custaram as vidas de centenas de imigrantes e deseja respostas da Europa,
afirmou seu porta-voz em Berlim. Os repetidos naufrágios de navios com
imigrantes constituem uma "situação que não é digna da Europa. Um
continente preocupado com a humanidade deve encontrar respostas, mesmo quando
não existem respostas fáceis", completou.
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/duas-embarcacoes-com-cerca-de-450-pessoas-estao-afundando-no-mar
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
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