domingo, 19 de abril de 2015

União Europeia diz que tem obrigação 'moral e humana' de agir contra mortes no Mediterrâneo



O naufrágio que deixou 700 imigrantes desaparecidos neste domingo nas águas do Canal da Sicília, em águas próximas á ilha de Malta, fez crescer a pressão para que a União Europeia tome atitudes emergenciais e amplie a fiscalização no Mar Mediterrâneo. Centenas de pessoas têm embarcado em navios clandestinos para fugir dos conflitos que se espalharam pela África e Oriente Médio, sobretudo na Líbia, Síria e Iêmen. Os refugiados costumam pagar quantias em dinheiro para criminosos que prometem uma viagem segura até o continente europeu, mas que, na verdade, sobrelotam embarcações precárias e sem condições de atravessar as águas que separam a costa africana de ilhas e bacias localizadas ao sul da Europa.

"Gangues de criminosos estão colocando pessoas na estrada para a morte. Nossas forças navais e a Marinha italiana estão literalmente revirando corpos para tentar encontrar alguém com vida", afirmou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, após o novo desastre. O premiê italiano, Matteo Renzi, está viajando de volta para Roma e já conversou por telefone com o presidente francês, François Hollande, sobre o assunto. Renzi afirmou que a Europa está testemunhando "um massacre sistemático no Mediterrâneo". "Como nos mantemos insensíveis ao testemunhar populações inteiras morrendo em tempos em que as modernas formas de comunicação permitem que nós saibamos de tudo?", afirmou o político, em declarações reproduzidas pela rede ABC News.



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Hollande, segundo a rede americana CNN, também pediu para que a União Europeia haja com mais vigor para resolver a questão dos imigrantes. Para o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, a tragédia, que pode ser a maior numa sucessão de episódios semelhantes, exige que o assunto passe a ser tratado com urgência. "A União Europeia está parada com os braços cruzados enquanto centenas morrem em suas costas", afirmou Judith Sunderland, vice-diretora para assuntos da Europa e da Ásia Central na organização. "Essas mortes poderiam ter sido evitadas se a União Europeia lançasse um genuíno programa de busca e resgate".

O chefe da organização internacional Médicos Sem Fronteiras, Loris De Filippi, também atacou a inação dos países europeus frente às repetidas tragédias envolvendo imigrantes. "Uma vala comum está se formando no Mar Mediterrâneo e as políticas europeias são também responsáveis por isso", disse Filippi, que comparou o número de mortos na região ao de zonas de guerra. "Diante de milhares de pessoas desesperadas que fogem de guerras e crises, a Europa fechou suas fronteiras. Na busca por proteção, essas pessoas arriscam suas vidas e morrem no oceano. É algo que pode e deve ser resolvido".

Os grupos de direitos humanos sugerem que a União Europeia comece a vigiar o Mar Mediterrâneo em um perímetro próximo às águas territoriais da Líbia. Segundo a ONU, apenas em 2015, 35 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo em viagens clandestinas. No mesmo período, 950 mortes foram registradas - 400 delas na semana passada, numa embarcação que zarpou da Líbia. Essa conta não inclui o acidente deste domingo.

União Europeia: 'Agir contra mortes no Mediterrâneo é um dever moral'

A União Europeia comunicou que planeja tomar ações para resolver o problema, mas não especificou quais. "A Comissão Europeia está profundamente consternada com os trágicos acontecimentos de hoje e dos últimos dias e semanas no Mediterrâneo. A realidade é complexa e nossas atitudes precisam se tomadas à altura. Vidas humanas estão em jogo, e a União Europeia, por ser um modelo, tem a obrigação moral e humana de agir", disse a nota.

O papa Francisco recordou neste domingo as mortes de imigrantes ocorridas nos últimos dias e pediu para que a comunidade internacional haja de forma rápida e efetiva para evitar novas tragédias. "Há homens e mulheres conosco, nossos irmãos, em busca de uma vida melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados e vítimas das guerras", disse o pontífice durante a tradicional pregação na praça São Pedro. "Diante desta tragédia, expresso a dor do meu coração e prometo recordar as vítimas e suas famílias em minhas orações. Faço um apelo sentido à comunidade internacional para uma reação decisiva e rápida para que estas tragédias não se repitam".

(Da redação)
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/nova-tragedia-com-imigrantes-aumenta-pressao-sobre-a-uniao-europeia

Duas embarcações com cerca de 450 pessoas estão afundando no mar


 

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, informou nesta segunda-feira que a Guarda Costeira de seu país e de Malta estão tentando socorrer duas embarcações no litoral da Líbia com cerca de 450 imigrantes. Renzi explicou que nas duas embarcações, que deram alarme após ficarem à deriva a apenas 30 milhas náuticas (pouco mais de 55 quilômetros) do litoral da Líbia, viajavam cerca de 450 imigrantes (entre 100 e 150 na menor e 300 na maior). O primeiro-ministro da Itália deu esta informação durante uma entrevista coletiva conjunta com o ministro maltês Joseph Muscat, com quem se reuniu hoje em Roma por causa do último naufrágio no Canal da Sicília onde se acredita que entre 700 e 950 imigrantes morreram.


As informações de Renzi coincidem com a informação dada pelo escritório da Organização Internacional de Migrações (OIM), que recebeu hoje uma chamada de auxílio de uma embarcação com cerca 300 pessoas a bordo. Nem a OIM e nem as autoridades italianas falaram sobre a possibilidade que haver mortos ou de as embarcações terem naufragado completamente.


Segundo a OIM, as autoridades "não têm os recursos para resgatá-los agora", em consequência do naufrágio de outro barco no domingo, na costa da Líbia, que deixou centenas de desaparecidos. A OIM acredita que as Guardas Costeiras provavelmente tentarão desviar navios comerciais para o local em que o barco está afundando. Uma operação complicada, pois segundo a organização alguns não querem colaborar.

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O novo incidente acontece no momento em que a União Europeia organiza uma reunião conjunta de ministros do Interior e das Relações Exteriores, convocada em caráter de urgência após o naufrágio de domingo. Chanceleres da União Europeia prometeram tomar mais medidas para impedir as mortes de imigrantes no Mediterrâneo, aumentando as operações de resgate e prendendo traficantes de pessoas, após uma tragédia no fim de semana em que até 700 pessoas morreram ao largo da costa da Líbia. Muitos governos europeus têm sido relutantes em financiar as operações de resgate no Mediterrâneo, por medo de incentivar mais pessoas a fazer a travessia em busca de uma vida melhor na Europa, mas agora enfrentam indignação com as mortes de refugiados. "O que está em jogo é a reputação da União Europeia", disse o ministro das Relações Exteriores italiano, Paolo Gentiloni, a jornalistas, ao chegar para a reunião. "Não podemos ter uma emergência europeia e uma resposta italiana", acrescentou.
Os ministros das Relações Exteriores realizaram um minuto de silêncio no início da reunião e terão a companhia de ministros do Interior para uma discussão de emergência sobre crise de imigração. Até agora, os países do norte da União Europeia têm deixado a maior parte das operações de resgate para os Estados do sul, como a Itália. Na semana antes da tragédia do fim de semana, a guarda costeira italiana resgatou quase 8.000 imigrantes no Mediterrâneo, de acordo com a Comissão Europeia, o órgão executivo da UE.

Pelo menos 3.500 pessoas, muitas delas em fuga da pobreza e de conflitos na África, morreram tentando atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa em 2014, de acordo com a ONU. A chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, também italiana, disse que está determinada a construir um "senso comum de responsabilidade" para enfrentar a crise, e que os dirigentes da UE estão considerando uma cúpula de emergência em Bruxelas esta semana. "É dever moral (da UE) se concentrar em nossa responsabilidade enquanto europeus para evitar que este tipo de tragédia se repita", disse Federica.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel afirmou que está "comovida" com os naufrágios no Mediterrâneo que custaram as vidas de centenas de imigrantes e deseja respostas da Europa, afirmou seu porta-voz em Berlim. Os repetidos naufrágios de navios com imigrantes constituem uma "situação que não é digna da Europa. Um continente preocupado com a humanidade deve encontrar respostas, mesmo quando não existem respostas fáceis", completou.

http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/duas-embarcacoes-com-cerca-de-450-pessoas-estao-afundando-no-mar 


Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição

Julio Cesar disse:



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