Rodrigo Muxfeldt Gularte estava sereno nas horas que antecederam sua execução na Indonésia. Alternou momentos de lucidez e delírio e disse que dali iria para o céu, segundo um diplomata brasileiro que o viu pela última vez.
O paranaense, de 42 anos, foi executado na prisão de Nusakambangan. Familiares tentavam convencer autoridades a rever sua pena e transferi-lo para um hospital após ele ter sido diagnosticado com esquizofrenia.
Gularte havia sido preso em 2004 no aeroporto de Jacarta com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe, e condenado à morte no ano seguinte. Parentes dizem que ele foi aliciado por traficantes internacionais devido seu estado mental.
"Daqui irei para o céu e ficarei na porta esperando por vocês", declarou Gularte no encontro final, disse à BBC Brasil o encarregado de negócios do Brasil em Jacarta, Leonardo Carvalho Monteiro, maior autoridade brasileira na Indonésia.
Monteiro acompanhou os disparos da execução à distância, ao lado de Angelita Muxfeldt, prima de Gularte. O fuzilamento ocorreu por volta de 0h25 (horário local, 14h25 em Brasília), disse ele. "Foram vários tiros fortes e ao mesmo tempo".
O corpo será levado ao Brasil, onde será enterrado. Anteriormente, a intenção da família era cremá-lo.
Angelita foi a última familiar a ver Gularte, à tarde (horário local). Ela foi para a Indonésia em fevereiro para tentar reverter a execução do brasileiro. Visitava-o regularmente, duas vezes por semana, e disse que, neste tempo, nunca tinha o visto tão calmo.
"Ele não queria que eu chorasse", disse ela a jornalistas, emocionada, após deixar a prisão.
O aviso das execuções foi feito no sábado. Desde então, familiares tiveram permissão para visitar diariamente os presos. Nestes encontros, Gularte fez discursos "delirantes", expressando confiança de que não seria executado, disse o diplomata brasileiro.
Ele citou o desenho Aladim ao rejeitar fazer seus desejos finais, disse o advogado Ricky Gunawan, que assumiu o caso em março.
O último contato com a mãe foi por telefone na segunda-feira, segundo Gunawan. Clarisse, de 70 anos, havia visitado o filho em fevereiro e retornou no Brasil. Na ligação, de 20 minutos, ele conversou também com a irmã.
Gularte é o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado, também condenado à morte por tráfico de drogas.
O governo brasileiro considerou a execução um "fato grave" na relação entre Brasil e Indonésia que vai "fortalecer a disposição brasileira de levar adiante, nos organismos internacionais de direitos humanos, os esforços pela abolição da pena capital", segundo nota do Itamaraty.
Tom mórbido
Durante todo o dia, no porto em Cilacap, que dá acesso à Nusakambangan, dezenas de jornalistas e populares aguardavam por familiares e diplomatas que deixavam a prisão.
Parentes faziam pedidos emocionados por clemência. A irmã de um dos condenados australianos chegou a desmaiar. Ambulâncias que carregavam caixões entrando na prisão contribuíram com o tom mórbido do caso.
A família nutria esperanças de uma reviravolta final no caso de Gularte, tida como improvável. Antes da execução, a Justiça indonésia havia ignorado recurso da defesa que pedia revisão da decisão do presidente, Joko Widodo, de negar-lhe clemência, disse o advogado.
Outra tentativa de reverter a sentença - o pedido de transferência da guarda de Gularte para sua prima - teve audiência marcada para o dia 6 de maio, depois da execução, o que foi criticado pela defesa do brasileiro.
Outros sete prisioneiros foram executados por fuzilamento junto com Gularte - dois da Austrália, três nigerianos, um ganense e um indonésio. Uma condenada filipina foi poupada de última hora.
As execuções foram realizadas apesar de pressão dos países dos condenados, da Organização das Nações Unidas e de grupos de direitos humanos.
Widodo justificou as execuções - que têm apoio popular na Indonésia - dizendo que o país está em situação de "emergência" devido às drogas. Segundo ele, 33 indonésios morrem todos os dias em consequência de narcóticos.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150428_indonesia_gularte_hb?SThisFB&fb_ref=Default
SÃO PAULO - Pouco antes de amanhecer nesta quarta-feira na Indonésia, os corpos do brasileiro Rodrigo Gularte, 42, e de outros sete condenados por tráfico executados na tarde desta terça-feira foram trazidos da ilha Nusakambangan para Cilacap, em caixões brancos, alguns deles bordados. Angelita Muxfeldt, prima de Gularte e que está desde fevereiro na Indonésia, chorava muito enquanto era conduzida pelo padre Charlie Burrows, que abria caminho em meio à multidão. Segundo informações da agência AFP, uma pastora que acompanhou um dos presos em seus últimos momentos disse que os condenados se comportaram com “força e dignidade” até o fim.
O caixão de Gularte foi levado do porto de Cilacap para uma casa funerária em Jacarta, onde uma breve cerimônia foi realizada. Angelita, desolada, tocou o caixão do primo durante vários momentos. Ela cuidará dos trâmites para trazer o corpo ao Brasil.
"Daqui
irei para o céu e ficarei na porta esperando por vocês", declarou o
brasileiro, de acordo com o encarregado de negócios do Brasil em Jacarta.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/brasileiro-cantou-nao-quis-usar-venda-antes-de-execucao-16007777#ixzz3Yhn8xZBx
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Brasileiro cantou e não quis usar venda antes de execução
SÃO PAULO - Pouco antes de amanhecer nesta quarta-feira na Indonésia, os corpos do brasileiro Rodrigo Gularte, 42, e de outros sete condenados por tráfico executados na tarde desta terça-feira foram trazidos da ilha Nusakambangan para Cilacap, em caixões brancos, alguns deles bordados. Angelita Muxfeldt, prima de Gularte e que está desde fevereiro na Indonésia, chorava muito enquanto era conduzida pelo padre Charlie Burrows, que abria caminho em meio à multidão. Segundo informações da agência AFP, uma pastora que acompanhou um dos presos em seus últimos momentos disse que os condenados se comportaram com “força e dignidade” até o fim.
O caixão de Gularte foi levado do porto de Cilacap para uma casa funerária em Jacarta, onde uma breve cerimônia foi realizada. Angelita, desolada, tocou o caixão do primo durante vários momentos. Ela cuidará dos trâmites para trazer o corpo ao Brasil.
Nos minutos
que antecederam à execução, os oito condenados recusaram ter os olhos vendados
e optaram por encarar o pelotão de fuzilamento, de acordo com informações da
AFP. Eles entoaram cânticos religiosos, como “Amazing Grace”, segundo uma
testemunha da execução, até o pelotão começar a disparar nos presos atados em
postes. Um grupo de pessoas que se reuniu na cidade portuária de Cilacap - que
dá acesso à ilha de Nusakambangan - segurava velas acesas e também cantava
“Amazing Grace”.
Angelita
acompanhou os disparos da execução à distância, ao lado do encarregado de
negócios do Brasil em Jacarta, Leonardo Carvalho Monteiro, maior autoridade
brasileira na Indonésia. O fuzilamento ocorreu por volta de 0h25 (horário
local, 14h25m em Brasília).
Segundo a BBC Brasil,
durante o encontro final com parentes, Gularte deixou um recado para a família:
O
corpo de Rodrigo Gularte será trazido ao Brasil e enterrado em Curitiba. O
pedido foi feito pelo próprio Gularte, em seus últimos dias na prisão. Ainda
não há data prevista para o traslado do corpo da Indonésia para o Brasil. A mãe
de Gularte, Clarisse, recebeu a notícia da morte do filho em seu apartamento,
acompanhada de parentes. Desde que soube que o filho seria executado, Clarisse
ficou com a saúde debilitada.
Além
de Rodrigo Gularte foram executados dois australianos, quatro africanos e um
indonésio. A filipina Mary Jane Veloso foi poupada pouco antes da execução.
Logo que chegou ao porto de Cilacap, o corpo do indonésio Zainal Abidin foi
enterrado em um cemitério próximo.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/brasileiro-cantou-nao-quis-usar-venda-antes-de-execucao-16007777#ixzz3Yhn8xZBx
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Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
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