É possível sorrir quando as cores da vida querem ficar em tons cinza. Não há mistério. Basta bom humor, alegria e simpatia para não deixar esquecer que o riso “é o melhor remédio”. Entre um copo de mingau e outro, o professor aposentado Humberto Ferreira Oriá, com seus 84 anos, troca versos e sorrisos com pacientes do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), para lembrá-los do quanto faz bem ver graça na vida.
Ainda jovem, uma frase escrita em um lugar qualquer na cidade de São Paulo (onde foi tentar a vida), chamou a atenção de Oriá: “como é bom ser bom”. Desde então, o pensamento aprendeu a ser positivo e a vencer a vontade de reclamar por qualquer coisa. Em 1998, descobriu um câncer. Venceu. A batalha recomeçou em 2003, quando o problema retornou e o obrigou a enfrentar 37 sessões de radioterapia. Venceu de novo. Onze anos depois, já voluntário do ICC, o câncer voltou. Mas não é mais forte do que sua vivacidade.
Se a vida lhe deu um problema, Oriá encontrou na leveza do sorriso uma solução. “Um dia desses li uma pesquisa de Harvard que dizia que os bem humorados vivem mais. Eles nem precisavam dizer isso, a gente já sabia”, brinca.
Dedicação
Há cinco anos, seu Humberto dedica a manhã de suas quintas-feiras aos pacientes do ICC. O primeiro rumo é para a sala de radioterapia, por onde passou. “Tem muitos (pacientes) que estão cabisbaixos. Eu digo pra eles que eu já tive (a doença), que tentem vencer essa batalha, e eles se sentem felizes”, diz Oriá, refletindo a satisfação de quem reconhece ouro no poder do diálogo.
No salão do quinto andar, quem está longe, olha interessado para aquele senhor de baixa estatura, bata verde, óculos e lenço na cabeça, que conversa despretensioso com um e outro e distribui mingau. Ele brinca, conta anedotas, mas sabe que está ali para aliviar dores. “Tem muitos aí que não sabem que têm câncer, eles falam ‘aquela doença’, porque o câncer é uma doença perigosa, a pessoa tem de estar na batalha durante muito tempo. Ele pode voltar, como voltou para mim”, frisa.
Ser solidário é estar junto ainda quando o sorriso fica difícil. Oriá relembra pacientes com quem conversou e que não resistiram aos tratamentos. Um dos pacientes, certa vez, o chamou para agradecer a atenção. “Ele faleceu, mas sentiu-se feliz por eu ter dito uma palavra de apoio”, diz.
O trabalho continua, em parceria com outras centenas de voluntários que enchem de vida os corredores e as salas do ICC. “A coisa mais prazerosa que tem na minha vida hoje é vir aqui e trazer uma palavra de apoio, de esperança”, ressalta. “Aqui, temos um só objetivo: servir. O servir é o exercício do amor”, resume.
Frases
"SER VOLUNTÁRIO ONDE SE LUTA MAIS INTENSAMENTE PELA VIDA É TER A DELICADEZA COMO PALAVRA-CHAVE DO COTIDIANO. O ICC CONTA COM CERCA DE 300 VOLUNTÁRIOS QUE ASSUMEM ESSA MISSÃO A CADA DIA"
http://www.opovo.com.br/app/opovo/brasil/2015/01/30/noticiasjornalbrasil,3385086/o-servir-ao-proximo-como-exercicio-do-amor.shtml?fb_action_ids=874860449244825&fb_action_types=og.recommends
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
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