Além de traumas psicológicos, o abandono pode
provocar danos cerebrais graves em crianças. Um estudo do Hospital de Crianças
de Boston, da Universidade de Harvard, acompanha, desde o ano 2000, crianças
negligenciadas em abrigos da Romênia, e muitas delas apresentam, segundo as
análises, problemas de desenvolvimento da chamada substância branca do cérebro
— região que ajuda na comunicação entre os neurônios, as células do sistema
nervoso —, o que leva à redução da capacidade linguística e mental.
Os pesquisadores americanos começaram acompanhando crianças entre 6 meses e 2,5 anos. No início do estudo, a Romênia vivia os ecos das ações implementadas pelo regime de Nicolae Ceausescu — de 1965 a 1989, ano de sua execução — para aumentar a natalidade, como a proibição do aborto e do uso de contraceptivos. O resultado foi a explosão de nascimentos de bebês, que foram encaminhados para orfanatos estatais, onde receberam pouco estímulo linguístico e sensorial. Segundo estimativas de ONGs, mais de 170 mil órfãos viveram em 700 instituições superlotadas e precárias no país, situação que começou a mudar apenas em meados dos anos 2000.
Os pesquisadores americanos começaram acompanhando crianças entre 6 meses e 2,5 anos. No início do estudo, a Romênia vivia os ecos das ações implementadas pelo regime de Nicolae Ceausescu — de 1965 a 1989, ano de sua execução — para aumentar a natalidade, como a proibição do aborto e do uso de contraceptivos. O resultado foi a explosão de nascimentos de bebês, que foram encaminhados para orfanatos estatais, onde receberam pouco estímulo linguístico e sensorial. Segundo estimativas de ONGs, mais de 170 mil órfãos viveram em 700 instituições superlotadas e precárias no país, situação que começou a mudar apenas em meados dos anos 2000.
O cuidado infantil não é uma questão apenas de “trocar fraldas” ou
“alimentar” as crianças, ressaltam os autores da pesquisa. O desenvolvimento
cerebral de bebês e crianças pequenas depende de estímulos de seus pais ou
cuidadores, entre eles a interação social. Se elas são abandonadas e pouco
estimuladas, este desenvolvimento é prejudicado.
Para testar o impacto da falta de cuidados, os autores começaram
na Romênia um projeto com 136 crianças que tinham vivido pelo menos metade de
suas vidas em orfanatos de Bucareste. Destas, metade continuou nas instituições
e outra metade foi encaminhada a famílias adotivas ou centros de cuidados de
alto nível criados especialmente para o projeto de Harvard. Outras 72 crianças
analisadas sempre viveram com suas famílias biológicas. Elas vem sendo
avaliadas periodicamente e serão reexaminadas aos 16 anos.
INTERVENÇÃO PRECOCE PODE REVERTER QUADRO
O grupo americano publicou uma série de estudos mostrando que as
crianças destas instituições públicas tiveram prejuízos no QI, transtornos
sociais e emocionais, além de alterações no desenvolvimento cerebral. No último
estudo, publicado ontem na revista “Jama Pediatrics”, os autores analisaram
dados de 69 crianças e notaram danos na substância branca. De acordo com a
pesquisa, “havia forte associação entre a negligência no início da vida e a
integridade do corpo caloso e dos intervalos do circuito límbico, no
processamento sensorial e em outras áreas”. O corpo caloso permite que as duas
metades do cérebro se comuniquem, o que é essencial para a linguagem, e os
demais têm relação com dificuldades de atenção e de tomada de decisões. Estes
problemas não teriam relação com deficiências nutritivas.
— O estudo mostra, por outro lado, que uma intervenção precoce em
crianças vulneráveis garante o desenvolvimento neurológico normal, e isto pode
ser aplicado a outras crianças expostas a adversidades, como as que sofrem
maus-tratos na família — explica Johanna Bick, autora principal do estudo, cujo
próximo passo será analisar as melhorias cognitivas e emocionais no cérebro
dessas crianças.
FUNDAMENTAL À COMUNICAÇÃO ENTRE NEURÔNIOS
Por muitos anos, acreditou-se que a substância branca do cérebro
tinha pouca utilidade se comparada à massa cinzenta. Hoje cientistas entendem
que ela é fundamental para a comunicação entre os neurônios, nas diferentes
áreas do cérebro.
A infância é um período crítico para o desenvolvimento neuronal, e
adversidades podem provocar efeitos duradouros e até permanentes no cérebro.
Pesquisadores sabem que danos nesta área podem levar a problemas de linguagem,
memória e habilidade visuo-espacial. A longo prazo, têm relação com demências
vasculares e com Mal de Alzheimer
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/abandono-infantil-provoca-danos-cerebrais-15158579#ixzz3Q74DBs5W
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Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
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