A filha do técnico em plásticos Aparecido
Valério, 57, nasceu em 1994 após complicações no parto. Com dez meses de idade,
Bianca foi diagnosticada com uma doença incurável que afeta o sistema
neuromuscular. Desempregado, Valério hoje corre o risco de ser despejado de
casa por priorizar o pagamento do plano de saúde que garante o tratamento de
Bianca.
Depoimento...
Minha mulher teve pré-eclâmpsia [pressão alta]
na gravidez do meu primeiro filho e o parto ocorreu aos sete meses de gestação,
em 1992. A pressão dela chegou a 25 por 15 na época, mas ela não foi medicada
sob o risco de prejudicar a formação do feto.
Dois anos depois, um ultrassom do cordão
umbilical e do coração detectou um problema na segunda gravidez. Foi necessário
um parto emergencial no oitavo mês de gestação. Prometemos batizar Bianca na
basílica de Aparecida (SP), caso ela nascesse sem sequelas. Com dez meses,
cumprimos o voto.
Até então, ela tinha apenas refluxo algumas
vezes. Dias após o batizado, porém, ela começou a ter febre alta e vomitar com
frequência. Ao ser levada a um hospital, porém, os médicos decidiram interná-la
em uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva].
Em dois meses, ela teve 12 paradas
respiratórias. Na última, os médicos demoraram seis minutos para reanimá-la.
A solução foi fazer uma traqueostomia [furo no
pescoço] para o ar passar, que ela usa até hoje para respirar.
Não havia um diagnóstico preciso. A única
suspeita dos médicos era de ela ter síndrome de Werding-Hoffmann –atrofia
muscular rara que a mataria em poucos anos. Para piorar, o plano de saúde só
cobria 30 dias de UTI.
A partir daí, eu teria de pagar R$ 4.000 por
dia ou transferir Bianca para um hospital público, com estrutura ruim. Mas,
graças a uma reportagem da revista "Veja", esse período foi estendido
por mais 30 dias. Eu já tinha gastado R$ 12 mil por três dias.
Uma biópsia então mostrou que Bianca tinha
miopatia nemalínica, doença que compromete a formação neurológica e muscular.
Por isso, ela não tem força sequer para levantar um copo.
Cantamos parabéns na UTI quando ela fez um ano.
Sete meses depois, ela voltou para casa. Após batalhas na Justiça, conseguimos
o direito de o plano cobrir o home care, UTI em casa com cilindro de oxigênio,
remédios e equipamentos de primeiros socorros.
PAI, TEM CACA
Bianca tem um atraso mental e até hoje vive
sobre uma maca. Se ela tirar um dos tubos do corpo pode morrer afogada devido a
uma fissura no organismo dela, que leva catarro e saliva aos pulmões. Quando
isso acontece, Bianca fecha a traqueostomia com o dedo e grita: "Pai, tem
caca", e a enfermeira corre para aspirar a secreção.
Certa vez, tentei me entubar porque queria sentir
o sofrimento dela. Enfiei os canos com força no nariz para ver até onde
aguentaria, mas chorei de tanta dor e desisti.
Estou há dois anos desempregado. Deixei de
pagar o plano de saúde em outubro de 2013, mas depois resolvi priorizar a saúde
da Bianca e passei a atrasar o financiamento da casa.
Isso levou a Caixa [Econômica] a me mandar um
telegrama em janeiro deste ano dizendo que leiloaria o imóvel. Isso só não
aconteceu porque entrei na Justiça e consegui uma liminar –decisão provisória–
para renegociar a dívida.
Comecei então uma campanha de arrecadação para
evitar o nosso despejo, pois se isso ocorresse, o comprador pediria uma
reintegração de posse e destruiria nossa família. O leilão foi barrado um dia
antes de acontecer.
Agora, esperamos fazer uma reunião de
conciliação com a Caixa neste mês. Mas precisamos de ao menos R$ 15 mil para
negociar com eles.
Cheguei a receber R$ 29 mil em doações desde
2014, mas gastei boa parte para cobrir os atrasos do plano de saúde e hoje
tenho apenas R$ 6.000.
Em depressão, minha sogra veio morar com a
gente.
Tenho pedra no rim, minha mulher descobriu um
nódulo no seio e meu filho teve apendicite. Faz 15 anos que não vou à praia. Dá
vontade de pular de cima da laje. Não conseguimos nem dormir.
A promessa de serviço de um empresário de Leme
(188 km de SP) e a campanha no Facebook são nossas últimas chances. Tenho
esperança de que tudo vai dar certo, nem que seja aos 45 do segundo tempo.
A Bianca é muito feliz, adora a vida e merece
viver melhor. Vamos sair juntos de mais esta batalha.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/03/1604933-desempregado-pai-escolhe-pagar-por-tratamento-de-filha-e-pode-perder-casa.shtml
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
Como nós
reclamamos muito da vida né? Estamos diante de uma situação muito difícil. Um
homem, que tem na família, não somente a filha doente, mais, outros membros importantes,
e se ver na iminência de perder tudo. Mas, mesmo assim NÃO desiste.
Diante de
tudo o que lemos, temos uma pergunta: Onde
estar Deus? Como Deus pode permitir essa situação tão difícil? Deus não nos
ama? Deus não cuida de nós? – Uma coisa é certa: Deus nos ama, e cuida de
nós. Deus não estar ausente da vida desse homem. Deus permiti que essas coisas
nos aconteçam, por que delas, e través delas, há algo a ser vivido de forma
plena: O amor a família. A dedicação do pai pelos seus. Tudo isso tem valor.
Deus não é
ruim. Ou, muito menos um Pai que fica somente de longe, vendo esse pai passar
por tudo isso. Não. Deus não é assim. Sofremos, pela condição do pecado. O
nosso corpo, o limite, e as fraquezas dele, nos revela que a nossa vida, tem um
sentido muito mais importante, do que essa vida que vivemos. O sentido de nossa
vida é Deus. O sofrimento, vai nos fazendo compreender que, ele tem sentido, o
sentido do amor, da entrega total de si para Deus, e para o irmão.
No sofrimento,
as nossas vontades vão morrendo, vão sendo aniquiladas, para que não nos
entregamos às paixões desse mundo, e nos pecamos por completo. As imagens que
nos mostra, nos move a sair de nós mesmo, a alcançar essas pessoas, e
ajuda-las. Em tudo, Deus vai trabalhando, usando as situações, para que todos
sejam envolvidos, agregados, tocados, transformados no amor e para o amor. Valério,
vai compreendendo o valor da vida, do amor, da entrega total de si para que
outro tenha vida.
“Mas, porque
Deus não deu a essas vidas, um valor mais digno, em vez de tanto sofrimento”? – Mas, quem
disse que essas pessoas não são dignas? Quem disse que enfermidade, limitação e
fraquezas, não fazem as pessoas dignas? – Deus permite assim, para despertar em
nós, o amor pelo outro, pelas limitações que o outro tem. Não são os limites, e
fraquezas do outro, que irão impedi-los de ter dignidade. O que nos torna
dignos, é sermos filhos de Deus. Essas pessoas, são amadas de Deus. , através
delas, vemos o Cristo sofredor, que nos deseja falar abertamente. O Cristo que
nos chama a cuidar de suas feridas. Deus desejou essa vida. Deus nunca volta
atrás de sua criação.
Em todas as
situações difíceis, Deus tira algo de bom. Nada se torna em vão. Tudo é
transformado, cuidado, criado. Deus estar no controle de todas as coisas. Deus
estar amando, cuidando. Mesmo que não vejamos. Dói. Eu sei. Mas, criar um
sentimento de raiva, de culpa, não nos ajudará em nada. Essa situação, estar
Santificando todas as relações humanas. Estar ordenando todas as coisas.
Valorizando os bens, e as pessoas. Tudo é obra de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário