Um relatório
da Organização dos Estados Americanos (OEA), divulgado há duas semanas, apontou
uso elevado de drogas entre adolescentes, associado a uma baixa percepção dos
riscos que essas substâncias podem trazer.
O Relatório
sobre Uso de Drogas nas Américas 2015, divulgado pela agência de notícias AFP,
revela ainda a facilidade de acesso às drogas, bem como a ampla variedade
delas.
O consumo de
maconha pelos jovens de 13 a 17 anos, por exemplo, teria aumentado em todo o
continente americano no último ano, com o Chile ocupando o primeiro posto. Para
especialistas, o uso da droga combina dois pontos importantes: o jovem não vê
riscos na droga e, ainda, percebe que ela é muito acessível. Seis em cada dez
adolescentes disseram que é fácil conseguir maconha. A combinação desses
fatores pode explicar a explosão do seu uso entre os mais novos.
O arranjo
entre baixa percepção de risco, facilidade de compra, capilaridade da
distribuição e ampla variedade de substâncias pode explicar, também, o aumento
do consumo pelos jovens de outra categoria de drogas, as novas drogas
sintéticas, em boa parte do mundo, incluindo a América Latina.
De 2008 a
2013, segundo o Escritório de Drogas e Crimes das Nações Unidas (UNODC), foram
identificadas mais de 350 novas drogas sintéticas. Elas costumam funcionar como
forte atrativo para os jovens, já que são consideradas as “drogas da vez”, com
certo apelo de moda e modernidade. Na Europa, muitos jovens já trocam as drogas
tradicionais, como maconha e cocaína, pelas novas sintéticas.
Essa troca
pode estar se processando também nas Américas e até mesmo no Brasil, segundo
reportagem publicada na semana passada no UOL, durante o Congresso do Cérebro,
Comportamento e Emoções, que aconteceu em Porto Alegre. Em abril, por exemplo,
foi decretado um alerta em Nova York, depois de mais de 160 internações
hospitalares por uso de canabinoides sintéticos (substâncias que imitam a
maconha, mas que têm uma potência muito mais elevada).
Ainda
segundo a reportagem do UOL, em fevereiro de 2015, foram apreendidos 220 gramas
de NBOMe pela Polícia Federal no Espírito Santo. Essa quantidade de droga
poderia produzir 200 mil micropontos. Bom lembrar que essa foi a substância
encontrada no corpo do estudante de 20 anos que se afogou na raia da
Universidade de São Paulo (USP), após uma festa, no final de 2014.
O fenômeno
do uso de drogas pelos jovens não é novidade, mas uma série de pesquisas tem
reforçado que o início do contato é cada vez mais precoce. Quanto mais cedo começa
esse consumo, maiores os riscos de abuso, dependência e problemas de saúde.
Sem poder
avaliar o impacto que o uso de substâncias pode ter em sua vida (muitas vezes,
sem nem ter noção do que está sendo consumindo), o jovem se torna uma presa
fácil dessa nova categoria de drogas.
Os médicos
têm visto casos cada vez mais graves de confusão mental, agressividade,
delírios, surtos de ansiedade e alucinações em jovens que consomem as novas
drogas sintéticas. Sem contar problemas como hipertermia, convulsões, crises de
hipertensão, arritmias cardíacas e enfarte, que colocam a vida em risco.
Além de
identificar cada vez mais rápido as novas drogas, seria importante trabalhar
com os mais jovens (em casa, na escola, na mídia, na internet) a noção de que é
difícil prever o impacto que uma substância pode ter no corpo, nas emoções e no
comportamento, quando mal se sabe o que está sendo consumido. Além disso,
contaminações por outros produtos e problemas de dosagem (já que elas são
produzidas, em geral, em laboratórios clandestinos) tornam essa previsão ainda
mais incerta e perigosa.
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,drogas-na-adolescencia,1684494
Nota do Moderador desse blog, sobre a materia em exposição
Julio Cesar disse:
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