Crucificado: não teria saudade, não sentiria solidão, não experimentaria a angústia nem a privação nem o tremendo medo da morte.
Não faria experiência da dor, a tremenda dor dos filhos de Adão...
Se não tivesse vindo a nós, assumindo nossa humana condição, não poderia ter sido aprisionado, forçado, vilipendiado fisicamente.
Ei-Lo ali! Não tinha como fugir! Teria mil legiões se não se tivesse feito homem...
Mas, homem, frágil, contingente, cabe-Lhe a sorte de todo degredado filho de Eva: teria de morrer de qualquer modo: cruz, enfermidade, idade... Deveria morrer, teria que morrer, pois se fizera humano, carne perecível e mortal como toda carne!
Assumiu a fraqueza e foi crucificado em fraqueza!
Não tinha como desvencilhar-Se dos guardas, não tinha como enfrentar os mais fortes... Fraqueza real, dolorosa, humilhante; fraqueza que magoa o corpo e o coração!
Deus feito fraco, Deus crucificado em fraqueza, Deus incapaz de salvar-Se a Si mesmo!
Cristo foi tudo isto – e não temos como negá-lo, por mais embaraçoso que possa parecer: “É verdade que Cristo foi crucificado, em razão da Sua fraqueza”...
E, feito fraco assim, não tinha como Se salvar sozinho!
Cristo nosso Deus Se fez Deus incapaz de salvar-Se, de sozinho escapar da morte.
Ele, a Quem ninguém poderia tirar a vida, ao encarnar-Se abriu a possibilidade de dar a vida, entrando livremente naquela situação em que puderam arrancar-Lhe violentamente a vida!
Cristo fraco, realmente fraco! Cristo crucificado porque era fraco, crucificado em fraqueza!
Dom Henrique Soares da Costa
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