sexta-feira, 4 de março de 2016

Devemos usar agrotóxicos banidos no exterior?


Em seu programa de culinária na TV e na internet, a apresentadora Bela Gil propõe trocas inusitadas, como grelhar fatia de melancia no lugar de picanha. Nem sempre os convidados ao programa pedem para repetir o prato, mas Bela ganhou seguidores entre adeptos da alimentação saudável. No Facebook, eles somam mais de 580 mil. No último dia 25, Bela convocou seu exército a participar de uma consulta pública feita na internet pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): “A Anvisa encerra hoje a chamada pública para votação a favor ou contra a suspensão do agrotóxico carbofurano. A proibição está perdendo! Precisamos nos mobilizar!”, escreveu na rede social. Bela conseguiu virar o resultado. A proibição, que estava perdendo com 29% dos votos, ganhou com 69%. “O público das minhas páginas em redes sociais está buscando um tipo de mudança, um mundo melhor, uma alimentação mais orgânica, sem veneno”, disse Bela a ÉPOCA. “Atribuo essa reviravolta, essa conquista a eles.” Após a consulta popular, um colegiado da Anvisa vai debater se suspende, mantém ou proíbe o carbofurano. Não há prazo para decidir.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em parte, por ser o segundo maior produtor de grãos. Em parte, por ter clima tropical, mais favorável à proliferação de pragas. Em parte, por ter uma legislação permissiva. Mais da metade dos defensivos agrícolas aplicados no país está proibida ou na Europa ou nos Estados Unidos. Ao permitir agrotóxicos banidos no exterior, como o carbofurano, o Brasil consegue produzir comida mais barata e gerar mais empregos. Segundo o governo federal, em 2014 o agronegócio rendeu ao país R$ 1,1 trilhão, ou 23% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao mesmo tempo, impõe um risco maior à saúde de trabalhadores rurais e consumidores. “O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral”, diz um relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) contra o uso de agrotóxicos. Segundo o Inca, entre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos estão infertilidade, abortos, malformações, efeitos sobre o sistema imune ecâncer. “O mundo precisa se alimentar, mesmo que correndo o perigo de ingerir alguma quantidade de veneno. Mas, no Brasil, o veneno está na mesa. Nosso consumo de agrotóxicos per capita é de 5 quilos por ano”, diz a ÉPOCA o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Valadares é autor do Projeto de Lei no 541/2015, que pede a proibição no Brasil de agrotóxicos proibidos no exterior, como glifosato e carbofurano, bem como a pulverização aérea de plantações. “Não há condição de fazer agricultura no Brasil se banirmos esses produtos”, diz o senador Blairo Maggi (PR-MT).
http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/03/devemos-usar-agrotoxicos-banidos-no-exterior.html

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em parte, por ser o segundo maior produtor de grãos. Em parte, por ter clima tropical, mais favorável à proliferação de pragas. Em parte, por ter uma legislação permissiva. Mais da metade dos defensivos agrícolas aplicados no país está proibida ou na Europa ou nos Estados Unidos. Ao permitir agrotóxicos banidos no exterior, como o carbofurano, o Brasil consegue produzir comida mais barata e gerar mais empregos. Ao mesmo tempo, impõe um risco maior à saúde. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) entre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos estão infertilidade, abortos e cânceres. No Congresso, o senadorAntônio Carlos Valadares (PSB-SE) pede a proibição no Brasil de agrotóxicos proibidos no exterior, no Projeto de Lei no 541/2015. “Como você vai plantar 5 milhões de hectares no Rio Grande do Sul capinando à mão, sem usar agroquímicos?", diz o deputado ruralistaLuis Carlos Heinze (PP-RS), contrário à proibição. "É humanamente impossível". (Leia mais aqui)
ÉPOCA – Por que devemos usar no Brasil agrotóxicos banidos no exterior?

Luis Carlos Heinze – 
Temos de ver o tipo de agricultura que cada país tem, se é semelhante a nossa. O Brasil cultiva soja, milho, arroz. Europeus e americanos não têm o clima tropical que temos aqui. O Cerrado brasileiro é uma potência de produção de alimentos para o mundo e, pelo clima, tem uma exigência maior de fertilizantes e defensivos. Não é porque é proibido lá que não posso usar aqui.
ÉPOCA – Não é possível fazer uma agricultura orgânica, sem usar tantos defensivos?

Heinze – 
Não sou contra a agricultura orgânica. Sou engenheiro-agrônomo. Banir essas substâncias vai aumentar muito o custo para combater pragas. Como você vai plantar 5 milhões de hectares no Rio Grande do Sul capinando à mão, sem usar agroquímicos? É humanamente impossível. É um absurdo essas pessoas pensarem que vão fazer agricultura orgânica dessa forma. A agricultura foi o único setor que não desempregou em 2015 – ano que registrou 1,7 milhão de desempregados. Essas pessoas trabalharão onde?
ÉPOCA – Os Estados Unidos e a Europa proibiram agrotóxicos permitidos no Brasil, mas não pararam de comprar nossos produtos agrícolas. Esses alimentos são seguros?

Heinze – 
As relações entre consumo de substâncias e risco de câncer são todas analisadas aqui. A Anvisa é extremamente criteriosa. Não vai liberar um produto potencialmente cancerígeno. Drogas usadas para fabricar medicamentos também são usadas para fabricar defensivos. O que mata é a dose. Se você tomar álcool demais, pode ter problemas. Ao mesmo tempo, um cálice de vinho é até medicinal.
ÉPOCA – A Anvisa é um foro mais adequado que o Congresso para proibir ou autorizar substâncias?

Heinze – 
Sim, a Anvisa é um foro adequado. A mesma Anvisa que libera defensivos é a que libera vacina e medicamentos. Então, no Brasil nada presta? Nenhum remédio, adubo ou defensivo? Temos de confiar. Essa é a legislação que temos. Eu trabalho para simplificar essa legislação e nos assemelhar a outros países, nossos concorrentes. No Brasil, defensivos são mais caros. Quando vou concorrer no mercado internacional, onde cada produto tem um preço só, ninguém me paga a mais porque meu defensivo, meu transporte, meu fertilizante ou as minhas leis trabalhistas são mais custosos. O produtor perde.
ÉPOCA – O uso intensivo de defensivos pode baratear o preço dos alimentos, mas traz custos para o sistema de saúde. Não é um barato que sai caro?

Heinze – 
O Brasil era importador de alimentos nos anos 1970. Hoje, é exportador. O preço da cesta básica caiu praticamente 20%. O miserável que ganha R$ 700 por mês vai comer como? É muito melhor comer isso do que não comer nada e passar fome. Eu não odeio os orgânicos, mas a agricultura é o único setor que está salvando o país. Tem de pensar no Brasil que está dando certo.
http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/03/devemos-usar-agrotoxicos-banidos-no-exterior-sim.html

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em parte, por ser o segundo maior produtor de grãos. Em parte, por ter clima tropical, mais favorável à proliferação de pragas. Em parte, por ter uma legislação permissiva. Mais da metade dos defensivos agrícolas aplicados no país está proibida ou na Europa ou nos Estados Unidos. Ao permitir agrotóxicos banidos no exterior, como o carbofurano, o Brasil consegue produzir comida mais barata e gerar mais empregos. Ao mesmo tempo, impõe um risco maior à saúde. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) entre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos estão infertilidade, abortos e cânceres. No Congresso, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pede a proibição no Brasil de agrotóxicos proibidos no exterior, no Projeto de Lei no 541/2015. “Como você vai plantar 5 milhões de hectares no Rio Grande do Sul capinando à mão, sem usar agroquímicos?", diz o deputado ruralista Luis Carlos Heinze (PP-RS), contrário à proibição. "É humanamente impossível". (Leia mais aqui)
ÉPOCA – Por que não devemos usar agrotóxicos banidos no exterior?
Antônio Carlos Valadares – 
O ideal seria adotar no Brasil as proibições válidas nos Estados Unidos e na União Europeia. Desde 2009, somos o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Quero colocar em debate essa questão, mas nem todos querem. Para relator do meu projeto, indicaram o senador Blairo Maggi. Você sabe que ele tem posição definida. Pedi que a gente ao menos ouvisse os interessados, da parte do agronegócio e da parte da saúde.
ÉPOCA – O que dizem os órgãos de Saúde?
Valadares – 
No ano passado, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) publicou um documento chamado “Posicionamento público a respeito do uso de agrotóxicos”. Lá, eles dizem que a exposição crônica a agrotóxicos está ligada a infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imune e câncer. Eu nasci em Simão Dias, uma cidade agrícola no Sergipe. Vi várias pessoas morrer de câncer.
ÉPOCA – Como proibir agrotóxicos, se 70% da produção agrícola brasileira depende deles?
Valadares – 
Devemos privilegiar a agricultura orgânica. Em muitos lugares, ela está invadindo os campos. Aqui, o poder econômico de multinacionais, mais a necessidade de produção agrícola intensiva do agronegócio, nos contrapõe. Um senador na comissão disse que eu quero parar o agronegócio. Não é essa minha intenção. O agronegócio impulsiona a economia, gera empregos. Reconheço que, se não fosse a agricultura, a situação econômica do país seria muito pior. Defendo a agricultura, mas defendo também o ser humano. Eu não sou radical. Acho que a transformação precisa de um prazo para adaptação. Quero dar um prazo para o agronegócio resolver essa questão. Da substituição gradativa à eliminação total. Nosso agronegócio é muito bem-sucedido na parte da produtividade. Eliminar venenos deveria ser prioridade também. Não será de um dia para outro, mas precisamos começar.
ÉPOCA – A agricultura orgânica produz alimentos mais saudáveis, a um custo maior. Ao encarecer, eles se tornam inacessíveis para que parcela da população?
Valadares – 
O mundo precisa se alimentar, mesmo que correndo o perigo de consumir alguma quantidade de veneno. Mas, no Brasil, o veneno está na mesa. Isso traz outros custos. Quanto perdemos quando tanta gente morre? Gastamos tanto para tratar o câncer, quando o melhor seria gastar para ele nem acontecer.
ÉPOCA – A Anvisa é um foro mais adequado que o Congresso para proibir substâncias?
Valadares – 
As reuniões de uma casa legislativa são transmitidas pela TV. Atraem atenções. Quem sabe, pode haver uma contenção voluntária do uso de algum agrotóxico. Quem sabe,  a Anvisa pode se sentir pressionada a proibir. O agronegócio é responsável por tanta arrecadação, tantos empregos. A Anvisa é pequena, diante de tantos interesses. Como representante do povo, o Senado pode propor a proibição sem medos. Tem o dever de fazer isso.
http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/03/devemos-usar-agrotoxicos-banidos-no-exterior-nao.html

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/silencio-e-dor-se-multiplicam-nos-campos-brasileiros-1.269133

Nota do moderador sobre a materia em exposição 


Julio Cesar Carneiro disse:

Mais da metade dos defensivos agrícolas aplicados no país está proibida ou na Europa ou nos Estados Unidos. Ao permitir agrotóxicos banidos no exterior, como o carbofurano, o Brasil consegue produzir comida mais barata e gerar mais empregos. Segundo o governo federal, em 2014 o agronegócio rendeu ao país R$ 1,1 trilhão, ou 23% do Produto Interno Bruto (PIB). Ao mesmo tempo, impõe um risco maior à saúde de trabalhadores rurais e consumidores. “O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral”, diz um relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) contra o uso de agrotóxicos. Segundo o Inca, entre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos estão infertilidade, abortos, malformações, efeitos sobre o sistema imune e câncer.

A situação além de ser delicada, é muito preocupante. É delicada porque gera a parte do emprego. Mas, por outro lado é muito mais preocupante a questão da saúde milhões de brasileiros. É algo que custa caro. São vidas ceifadas que nunca mais as teremos de volta. Tudo isso, porque um lobby forte com relação a transição fácil  dos agrotóxicos tem para entrar nesse país.

Não podemos brincar com vidas humanas em nome de muito dinheiro, ou vidas mais confortáveis na qual, muitos a terão por vender ou facilitar a entrada de defensivos agrícolas que matam milhões de inocentes. O que será dessas pessoas diante de Deus? Pode ser que nesse momento não se tenha a qualquer consciência sobre isso, devido ao estado de dormência em que ela se encontra. Mas, a nossa vida passa e teremos que comparecer diante de Deus. Tudo o que fizermos com outro, é a Deus que fazemos diretamente.

Será que o Brasil deve ser a porta de entrada para o mal? Produtos banidos em outros países, devem encontrar guarita aqui? Como podemos pensar em um país de desenvolvimento dessa forma? São vidas humanas caras.

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