RIO - Dezenas de pessoas estavam ao redor dos dois corpos
estendidos na areia de São Conrado. Havia um silêncio respeitoso enquanto a
viúva do engenheiro Eduardo Marinho se despedia do marido, com a cabeça
ensanguentada e o peito rasgado pelo embate nas pedras. Alguns choravam diante
do inesperado, naquele feriado de sol no Rio que deveria ser de alegria. Com o
passar dos minutos, a cena se tornou bizarra: garotos tiravam selfies em frente
aos corpos, e uma roda de altinho logo se formou. Quem chegava à praia estendia
cadeiras e guarda-sóis ao redor das duas vítimas. Foram três horas assim, com
os corpos cobertos por cangas de praia.
— A gente é egoísta. Não sente a dor que não é nossa. Isso me deixa muito triste, é o egoísmo do homem — opina Ana Lúcia Jesus da Silva, de 34 anos, funcionária do quiosque Bendita Onda, em frente ao início da ciclovia que atravessa a Avenida Niemeyer e a uma curta distância do local de desabamento.
— A gente é egoísta. Não sente a dor que não é nossa. Isso me deixa muito triste, é o egoísmo do homem — opina Ana Lúcia Jesus da Silva, de 34 anos, funcionária do quiosque Bendita Onda, em frente ao início da ciclovia que atravessa a Avenida Niemeyer e a uma curta distância do local de desabamento.
No dia seguinte ao desastre que matou, até o
momento, duas pessoas, o mar ainda batia com força na estrutura que não
resistiu à ressaca de quinta-feira, produzindo estrondo e temor. A cada onda, o
chão naquele trecho do calçadão tremia, embora menos do que na véspera. Muitas
pessoas voltaram ao palco da tragédia tentando entender o que se passara. Para
algumas, a imagem da roda de futebol ao redor das vítimas só não foi mais
chocante do que o desastre em si.
— Isso não é normal. Parece que estamos perdendo a
sensibilidade. Tudo é banalizado hoje em dia, até a morte — afirma o médico
aposentado Alexander Magalhães, morador de São Conrado.
Os corpos ficaram tanto tempo na areia, debaixo do
sol quente, que a maré subiu até alcançá-los. As ondas levavam os cadáveres de
um lado para o outro, enquanto curiosos paravam para registrar o momento e
publicar nas redes sociais. O estudante Carlos Henrique Pereira, de 16 anos,
praticante de bodyboard, foi à praia nos dois dias para aproveitar as ondas
grandes. Mal viu os corpos no chão.
— Não parei para ficar olhando. Não gosto dessas
coisas, tenho medo de gente morta. Só quero que os culpados sejam punidos —
disse o garoto, com um grupo de amigos que lamentava ter “perdido a bagunça” da
véspera.
O antropólogo Roberto DaMatta vê essa indiferença como uma questão filosófica. Para ele, é o “acaso numa cidade com milhões de testemunhas”.
— Todas querem testemunhar, por isso o mundo
inteiro fica sabendo minutos depois. A menos que se tenha uma proporção que vá
além de um limite difícil de estabelecer, como a queda das torres gêmeas em
Nova York — afirma.
Para a psicóloga Cecília Rezende, fundadora e sócia
do Instituto Entrelaços, que oferece atendimento a pessoas em luto, banalizar
uma cena como essa é fugir do que é incômodo: por isso fingimos não ver.
— É um jeito de não olharmos para a morte de frente. Aquilo nos consterna, mas, dois minutos depois, a vida segue. Não conseguimos reverenciar a morte. Mas uma pergunta que eu me faço é: aqueles que estavam jogando bola, minutos depois da tragédia, já viram quantos outros corpos antes? — indaga.
Morador da Rocinha, o adolescente Henrique de
Souza, de 17 anos, já perdeu a conta. O último cadáver que ele viu foi no ano
passado: um amigo de escola morto no tráfico de drogas. Um corpo no chão não
lhe diz muito, confessa:
— Não vim à praia na quinta, mas não teria ficado
assustado — diz o garoto, com o skate embaixo do braço. — Quem é da favela já
viveu muita coisa.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/imagem-de-jovens-praticando-altinho-proximo-corpos-de-vitimas-de-queda-da-ciclovia-causa-perplexidade-19151022#ixzz46lLCc540
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Nota do moderador sobre a materia em exposição
Julio Cesar Carneiro disse:
“Garotos tiravam selfies em frente aos corpos, e
uma roda de altinho logo se formou. Quem chegava à praia estendia cadeiras e
guarda-sóis ao redor das duas vítimas”.
O mundo estar doente. Estamos em estado vegetativo. Tudo é nada, ou nada
é tudo. A vida estar passando por cada um, e não estamos acordando. Estamos
sempre permanecendo o mesmo, acreditando que tudo acaba nisso, e que não vale a
pena ser diferente, ou viver de forma diferente. Ao contrário. Por ter a
certeza que a vida sempre passa, deveremos ainda mais organizar a nossa vida na
verdade de Deus. Sem Deus Não somos nada. Sem Deus somos uma carga ambulante a
serviço desse mundo. As relações estão cada vez mais se aprofundando em um
vazio existencial.
Não conseguimos, ou não queremos mais amar de verdade. Não queremos ser
mais fiel, porque achamos que isso seja perda de tempo. Pois, ao nosso redor,
existem outras tantas pessoas que assim como nós, também pensam a mesma coisa.
Estamos sempre engando uns aos outros. Ou, os outros também a nos enganar. E, o
amor vai ficando cada vez mais pobre. Há mais negocio, do que verdadeira
disposição de amar o outro, de se doar a necessidade do outro. Com isso, vamos
dando razão ao inferno para destruir tudo a nossa volta. O inferno meus irmãos,
só ganha quando abrimos as portas aos seus planos doentios.
Diante do que vemos, nós podemos mudar essa realidade, nos convertendo
de nossa vida imoral, buscando a verdade e a beleza de Cristo Nosso Senhor. O
homem foi criado imagem e semelhança de Deus: Capaz de amar, de se doar, de
servir ao outro. Capaz de transformar todas as coisas mortas, e desordenadas,
em vida verdadeira. Muitos desses homens e mulheres precisam enxergar em
outros, algo que eles possam ver de belo e verdadeiro. A decisão é nossa de
mudar toda essa historia.
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