Há uma tendência decrescente nas últimas cinco semanas.
O Ministério da Saúde de Cabo Verde revelou nesta quarta-feira que o país registou 7.164 casos de zika entre Outubro e 24 de Janeiro.
Nas últimas cinco semanas, e depois de uma intensa campanha de sensibilização das pessoas e de combate à doença, regista-se "uma tendência decrescente".
Apesar de não ter havido qualquer caso de microcefalia, o comunicado indica que o Ministério da Saúde está a monitorar cerca de 40 grávidas que contraíram o vírus.
A capital do país, Praia, regista o maior número de casos (4.837), seguida da cidade de São Filipe, na ilha do Fogo, com 1.230, e a ilha do Maio, com 501 casos, todas na região Sul do arquipéago.
Ainda de acordo com o comunicado divulgado hoje, depois de até Dezembro terem sido registados, em média, entre 400 e 500 casos semanais, na última semana, os números desceram para pouco mais de 80.
O Ministério da Saúde garante continuar a campanha de informação e de combate ao vírus zika, cuja epidemia foi considerada uma emergência mundial pela Organização Mundial da Saúde na segunda-feira.
Brasil é o país mais afectado pela epidemia que, segundo a OMS, pode atingir mais de quatro milhões de pessoas nas Américas.
http://m.voaportugues.com/a/cabo-verde-com-mais-de-sete-mil-casos-de-zika-mas-sem-microcefalia/3175038.html
Colômbia: um país em pânico por causa do zika
Com mais de 30 mil infectados, a Colômbia é, ao lado do Brasil, um dos países mais atingidos pelo surto do vírus zika.
Ao contrário do vizinho, não é a microcefalia ─ tipo de má-formação cerebral em fetos – que preocupa o governo, mas o aumento significativo no número de casos da rara síndrome de Guillain-Barré.
Cientistas se mantêm cautelosos e evitam fazer uma associação direta entre o vírus e a síndrome que pode causar paralisia grave, mas nas regiões mais atingidas o pânico é real e está aumentando.
Fabian Medina, de 22 anos, é uma das vítimas da doença. Ele deveria estar no auge da vitalidade, mas parece um homem de 90 anos de idade. Medina está se recuperando da paralisia depois de passar duas semanas em uma unidade de terapia intensiva.
Se Medina não estivesse respirando com a ajuda de aparelhos, provavelmente estaria morto. Quando perguntado se tem filhos, ele levanta um dedo com muita dificuldade. Então, com um gesto circular, descreve a barriga da mulher, grávida, e cai em prantos.
A mulher de Medina, Karen, está grávida de três meses e teve zika. Os sintomas foram leves, mas as consequências ainda são desconhecidas.
"Meu medo é que nas notícias (sobre a doença) eles falam que o bebê pode ficar deformado. Estou muito assustada e rezo para que nada de mal aconteça com ele", disse.
Karen se preocupa com a possibilidade de microcefalia. Os casos no Brasil se multiplicaram desde o início do surto: até o dia 30 de janeiro, foram notificados, segundo o Ministério da Saúde, 4.783 casos suspeitos de microcefalia, má-formação que prejudica o desenvolvimento do cérebro do bebê.
Desse total, 404 casos de microcefalia foram confirmados ─ 17 têm ligação confirmada com o vírus zika. Os outros ainda estão sendo investigados.
Zika e Guillain-Barré
Muitos médicos na Colômbia acreditam que o vírus zika também esteja ligado à síndrome de Guillain-Barré.
Outros ainda permanecem céticos.
"Devemos ser muito cautelosos e não misturar muito as duas coisas", disse o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Christian Lindmeier, alegando que a associação entre o vírus e a síndrome ainda não foi comprovada.
Na cidade de Cúcuta, a população não tem muitas dúvidas: na cidade e nos arredores, há 27 casos da síndrome
O surto da paralisia na Colômbia começou em outubro de 2015, mas apenas em junho deste ano as autoridades do país vão poder saber se também houve um aumento no número de nascimentos de bebês com microcefalia.
Por enquanto não há tratamento nem vacina. A melhor forma de se prevenir continua sendo evitar contato com mosquito Aedes aegypti, eliminando os criadouros, usando roupas com mangas longas, calças e repelentes de mosquitos.
No entanto, a reportagem da BBC observou que, em Cúcuta, os moradores continuam usando roupas leves e curtas, em grande parte devido ao calor do verão.
'Zika-plus'
Neurocirurgião em Cúcuta, Marco Fonseca disse à reportagem da BBC que teme uma mutação do vírus.
"Parece que o vírus mudou de alguma forma. Temo que tenha ocorrido alguma mudança no genoma. Este é o zika-plus. Uma mutação", afirmou.
Fonseca não descarta fatores ambientais e está aguardando a resposta definitiva de biólogos e epidemiologistas.
Outros cientistas analisam a possibilidade de o zika estar se comportando da mesma forma que se comportou no passado, mas agora as consequências são diferentes pois a doença está em áreas muito populosas.
Fonseca suspeita que a doença se alastrou a partir da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e acredita que o quadro vai piorar ainda mais com as Olimpíadas no Rio de Janeiro.
"Vai chegar à California. Com as Olimpíadas vai ser um pouco mais rápido", disse.
Enquanto isso, as autoridades colombianas estão tentando aumentar a conscientização da população para o risco do zika.
Mas, ao lado de uma escola em Cúcutam um fiscal de saúde encontrou baldes de água cheios de larvas do Aedes aegypti.
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160213_colombia_zika_fn
ÉPOCA – A população está apavorada com o zika, mas parece minimizar os danos
provocados por outros vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti. É um erro?
David Uip – Ninguém fala do chikungunya. Isso é uma encrenca do tamanho do mundo. Estou vendo gente com sintomas há mais de seis meses. As pessoas só estão preocupadas com o zika. Temos 133 casos registrados. Muitos com complicações importantes. Perda auditiva em adulto, dores articulares. Atendi um paciente no consultório com sorologia positiva para dengue, chikungunya e exame genético para zika vírus. Mas o quadro clínico dele é de chikungunya.
David Uip – Ninguém fala do chikungunya. Isso é uma encrenca do tamanho do mundo. Estou vendo gente com sintomas há mais de seis meses. As pessoas só estão preocupadas com o zika. Temos 133 casos registrados. Muitos com complicações importantes. Perda auditiva em adulto, dores articulares. Atendi um paciente no consultório com sorologia positiva para dengue, chikungunya e exame genético para zika vírus. Mas o quadro clínico dele é de chikungunya.
ÉPOCA – Como assim? Ele pegou os
três vírus?
Uip – Não. Acho que ele só tem chikungunya. Quando fazemos os exames para as outras arboviroses, eles dão falso positivo. Só que tudo isso é novo. É um aprendizado para todo mundo. Esse paciente é paulista e trabalha no interior de Pernambuco. Teve perda auditiva comprovada. São casos complicados.
Uip – Não. Acho que ele só tem chikungunya. Quando fazemos os exames para as outras arboviroses, eles dão falso positivo. Só que tudo isso é novo. É um aprendizado para todo mundo. Esse paciente é paulista e trabalha no interior de Pernambuco. Teve perda auditiva comprovada. São casos complicados.
ÉPOCA – O
zika vírus vai se espalhar como o da dengue?
Uip – Se é verdade que o zika é um sorotipo só, em tese ele será menos endêmico que o vírus da dengue. Mas isso só o tempo vai dizer. O anticorpo anti-zika vírus confere imunidade definitiva? Ou não? Ninguém sabe ainda se uma pessoa que pegou zika pode se infectar novamente.
Uip – Se é verdade que o zika é um sorotipo só, em tese ele será menos endêmico que o vírus da dengue. Mas isso só o tempo vai dizer. O anticorpo anti-zika vírus confere imunidade definitiva? Ou não? Ninguém sabe ainda se uma pessoa que pegou zika pode se infectar novamente.
ÉPOCA – O Brasil está perdendo a
guerra contra o mosquito?
Uip – É um momento muito difícil. Precisamos de providências excepcionais. Há 113 países com dengue. Não dá para achar que é um problema regional. Esse é um problema mundial.
Uip – É um momento muito difícil. Precisamos de providências excepcionais. Há 113 países com dengue. Não dá para achar que é um problema regional. Esse é um problema mundial.
ÉPOCA – O que deixou de ser feito?
Uip – Muitas coisas. Para o Brasil chegar ao nível adequado de cuidados sanitários vai demorar 50 anos. Não se investiu. A população é desassistida. Faltam cuidados, investimento em pesquisa, inovação e tecnologia. São coisas que não aconteceram nos últimos 50 anos e agora nós estamos pagando a conta.
Uip – Muitas coisas. Para o Brasil chegar ao nível adequado de cuidados sanitários vai demorar 50 anos. Não se investiu. A população é desassistida. Faltam cuidados, investimento em pesquisa, inovação e tecnologia. São coisas que não aconteceram nos últimos 50 anos e agora nós estamos pagando a conta.
ÉPOCA –
Recentemente, o professor José Guedes, ex-secretário estadual de saúde, disse
que a coisa mais constante feita no Brasil para o combate à dengue foi a
inconstância. Qual é o exemplo principal dessa inconstância?
Uip – O financiamento é inconstante. Não tenho a menor dúvida. Precisamos de qualidade de informação e constância. Esse é o desafio. Não adianta ter no estado de São Paulo se o entorno não tiver. Não adianta ter no Brasil se os países vizinhos não tiverem. Precisamos de uma ação global. Desta vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está se importando no tempo adequado. Não foi assim no passado. Agora todo mundo está dando a devida seriedade para isso.
Uip – O financiamento é inconstante. Não tenho a menor dúvida. Precisamos de qualidade de informação e constância. Esse é o desafio. Não adianta ter no estado de São Paulo se o entorno não tiver. Não adianta ter no Brasil se os países vizinhos não tiverem. Precisamos de uma ação global. Desta vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está se importando no tempo adequado. Não foi assim no passado. Agora todo mundo está dando a devida seriedade para isso.
ÉPOCA –
Faltam recursos do governo federal?
Uip – O ministro Marcelo Castro foi claro ao dizer que não faltarão recursos. Recurso é fundamental, mas saber usá-lo é tão importante quanto. Não podemos sair fazendo coisas que não vão surtir nenhum efeito. Tem desafios que são insuportáveis.
Uip – O ministro Marcelo Castro foi claro ao dizer que não faltarão recursos. Recurso é fundamental, mas saber usá-lo é tão importante quanto. Não podemos sair fazendo coisas que não vão surtir nenhum efeito. Tem desafios que são insuportáveis.
ÉPOCA – O
Ministério da Saúde estabeleceu como meta visitar 100% das casas até fevereiro
para o combate à dengue. O que o sr. acha disso?
Uip – É um desafio enorme. Estamos tentando. Estamos seguindo toda a política ministerial.
ÉPOCA – É factível?
Uip – Acho que não é simples. Fizemos uma experiência boa num final de semana. Visitamos 450 mil residências, mas para isso nós colocamos a Defesa Civil, Exército, Polícia Militar, Igrejas, escoteiros. Autoridade pública, nós sozinhos, nem pensar. A Defesa Civil entrando é interessante. A Defesa Civil faz parte da sociedade e é muito bem vista. Estamos aumentando muito os agentes comunitários. Vamos começar a pagar hora extra aos sábados para agentes comunitários. Estamos fazendo o possível para atender essa necessidade. Mas é um enorme desafio.
Uip – É um desafio enorme. Estamos tentando. Estamos seguindo toda a política ministerial.
ÉPOCA – É factível?
Uip – Acho que não é simples. Fizemos uma experiência boa num final de semana. Visitamos 450 mil residências, mas para isso nós colocamos a Defesa Civil, Exército, Polícia Militar, Igrejas, escoteiros. Autoridade pública, nós sozinhos, nem pensar. A Defesa Civil entrando é interessante. A Defesa Civil faz parte da sociedade e é muito bem vista. Estamos aumentando muito os agentes comunitários. Vamos começar a pagar hora extra aos sábados para agentes comunitários. Estamos fazendo o possível para atender essa necessidade. Mas é um enorme desafio.
ÉPOCA – No ano passado, o estado
de São Paulo viveu uma epidemia recorde. Qual é a autocrítica que o sr. faz?
Uip – O Estado fez o melhor possível dentro daquilo que ele estava acostumado a fazer. E ficou claro que foi insuficiente. São Paulo foi poupado das grandes epidemias nacionais. De repente, o mosquito chegou ao estado e atingiu uma população que não esteve exposta antes. É tudo o que o vírus da dengue quer. O que aconteceu? Principalmente os municípios com menos de 10 mil habitantes sofreram muito. Isso gera, praticamente, um esgotamento da população suscetível nessas cidades. Nos municípios grandes foi diferente. Em 2014, houve uma epidemia em Campinas. Quando olhamos o mapa, dá para ver que atingiu metade dos bairros. Repicou em 2015 na outra metade. Outro dado interessante: em janeiro de 2015, tivemos 57 mil casos notificados. Em janeiro de 2016, tivemos 9 mil casos.
Uip – O Estado fez o melhor possível dentro daquilo que ele estava acostumado a fazer. E ficou claro que foi insuficiente. São Paulo foi poupado das grandes epidemias nacionais. De repente, o mosquito chegou ao estado e atingiu uma população que não esteve exposta antes. É tudo o que o vírus da dengue quer. O que aconteceu? Principalmente os municípios com menos de 10 mil habitantes sofreram muito. Isso gera, praticamente, um esgotamento da população suscetível nessas cidades. Nos municípios grandes foi diferente. Em 2014, houve uma epidemia em Campinas. Quando olhamos o mapa, dá para ver que atingiu metade dos bairros. Repicou em 2015 na outra metade. Outro dado interessante: em janeiro de 2015, tivemos 57 mil casos notificados. Em janeiro de 2016, tivemos 9 mil casos.
ÉPOCA – O que isso significa?
Uip – Olhando com cuidado é uma boa notícia, mas há outra coisa que nos preocupa. O sorotipo 1 do vírus da dengue é o que prevalece em São Paulo. Ele responde por 99% dos casos da doença. Mas osorotipo 2 está entrando no estado. A população resistente ao sorotipo 1 é suscetível aos demais sorotipos: o 2, o 3 e o 4. Cada vez que uma pessoa tem dengue, o percentual de gravidade cresce. Aumenta o risco de dengue hemorrágica. A resposta do organismo já ocorreu na primeira infecção. A memória imunológica pode causar uma hipereação.
Uip – Olhando com cuidado é uma boa notícia, mas há outra coisa que nos preocupa. O sorotipo 1 do vírus da dengue é o que prevalece em São Paulo. Ele responde por 99% dos casos da doença. Mas osorotipo 2 está entrando no estado. A população resistente ao sorotipo 1 é suscetível aos demais sorotipos: o 2, o 3 e o 4. Cada vez que uma pessoa tem dengue, o percentual de gravidade cresce. Aumenta o risco de dengue hemorrágica. A resposta do organismo já ocorreu na primeira infecção. A memória imunológica pode causar uma hipereação.
ÉPOCA – E
agora? Como o estado vai se portar diante disso?
Uip – Estamos tomando atitudes excepcionais para enfrentar o mosquito. Exército, Polícia Militar, convocação dos estudantes universitários, escoteiros. Uma mobilização da sociedade inteira.
Uip – Estamos tomando atitudes excepcionais para enfrentar o mosquito. Exército, Polícia Militar, convocação dos estudantes universitários, escoteiros. Uma mobilização da sociedade inteira.
ÉPOCA – O combate
à dengue é uma atribuição dos municípios. O Estado vai destinar verbas para que
as cidades consigam cumprir as metas de combate ao mosquito?
Uip – Vamos pagar as diárias dos sábados dos agentes comunitários dos municípios que aderirem ao programa. É um recurso enorme. Estamos estimando em mais de R$ 50 milhões só nisso.
Uip – Vamos pagar as diárias dos sábados dos agentes comunitários dos municípios que aderirem ao programa. É um recurso enorme. Estamos estimando em mais de R$ 50 milhões só nisso.
http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/02/david-uip-so-se-fala-do-virus-zika-mas-o-chikungunya-e-uma-encrenca.html
Nota do moderador sobre a materia em exposição
Julio Cesar Carneiro disse:
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