sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Carta para Jack


Laura tem apenas 8 anos e uma história forte o suficiente para servir de exemplo para o mundo inteiro. Com determinação, ela pede para que Jack- e aqui você logo entenderá porque ela chama assim o destinatário da carta- que ele saia de sua casa.

Cansada do pai viciado em álcool, ela conta a visão de uma criança que presencia diariamente a violência doméstica, a ausência paternal e tantos outros efeitos colaterais que o alcoolismo gera.

Confira e se emocione:



Nota do moderador sobre a materia em exposição 


Julio Cesar Carneiro disse:

Há um grande mal social a ser combatido e vencido: O alcoolismo. O alcoolismo estar fazendo vitimas todos os dias. Muitos estão presos em um vicio que estar levando a morte pessoal família e coletiva na sociedade. Recentemente eu perdi o meu pai para o álcool. A bebida foi mais forte do que a vontade do meu pai. Eu, Julio Cesar Carneiro, perdi também a minha família para o álcool. Uma associação quase idêntica entre a minha vida, e a de meu pai, deram na destruição de nossa humanidade. Uma associação de problemas não resolvidos, medo de encarar a vida, de lutar, dava lugar ao refugio na bebida.

No começo, não estava dando conta do estrago que viria depois. No começo, sempre queria fugir, ir para bem longe. Mas, a bebida só me fazia viajar na mente entorpecida. Eu estava sempre no mesmo lugar, na pior forma possível. Minha esposa foi se cansando, e acabou por me deixar. Nunca tive a presença do meu pai na minha infância e adolescência. Meu pai sempre bêbado, precisa se manter afastado de casa, de min há mãe e irmãos, e com isso, buscava nas ruas algo que substituísse a ausência do meu pai. Encontrei no álcool esse padrasto que me relegou a lama, e a destruição de minha humanidade. Cresci desordenado, sem a presença do pai que me ensinasse a ser responsável, amar de verdade. Cresci sem a presença do meu pai para me ensinar meus deveres na escola. Com isso, fui me atrasando, e ficando reprovado em todas as series. Até terminar os estudos através de Supletivo. Casei ainda, trazendo em minha humanidade toda historia de vida passada, não trabalha, curada, e livre para amar de verdade. O estrago foi ruim.

Saindo de casa, fui para perto do meu pai que nos últimos anos de vida, mesmo doente ainda bebia. No começo não compreendi. Mas, fui compreendendo, aceitando, e deixando me formar pela humanidade de meu pai. Dois separados, pelos mesmos motivos. Fui compreendendo que a minha presença, era para restaurar a minha humanidade olhando para a situação do meu pai. Por isso, fui perdoando ele por tudo o que ele fez, fui amando loucamente, desesperadamente ele. Não o deixei sozinho, mesmo em seu leito de morte. Fui cirando-me em meu pai. Ele inconscientemente queria isso. Queria que eu fosse curado nele, e por ele. Foi um pai, mesmo em sua ausência. Foi fiel a minha mãe até o final. No seu leito de morte, enquanto agonizava por uma semana no leito da U.T.I pude ler sua expressão, mesmo entubado, ele me dizia: “Olhe meu filho, o que a bebida fez comigo. Ela tirou-me tudo. Tirou a minha humanidade. Ela tirou meus filhos, minha esposa, e família. Estou sofrendo agora para tirar de minha humanidade, tudo o que não é de Deus. Dói. Dói muito, mais, eu sustento, para que você também sustente as suas dores quando ela vier. Estou sofrendo primeiro, para que você saiba que fui primeiro porque te amo, eu te amo loucamente, mais que tudo, sou louco por ti. Não tenha medo do sofrimento. Tudo passa. Luta, luta pela verdade. Eu vou, mais, eu te esperarei algum dia. Quando chegar esse dia, eu posso te abraça e te dizer: Valeu a pena”.

Tudo isso foi moldando a minha humanidade. Passei a estudar o comportamento humano, e a refazer a minha vida. Passei a ver a situação de outra forma, e aceitar as consequências de minhas escolhas, dando um novo sentido a toda dor que causei, ou sinto. Posso dizer que, pela dor, e o calvário do meu pai, fui curado, me tornei livre e feliz. Mesmo na dor, na angustia, na solidão, no nada, eu sou feliz. Nunca fui tão feliz na minha vida, como hoje sou na Cruz de Cristo.

A minha mãe ainda ficou, mesmo fraca, ainda permanece. Dela, aprendi muito mais. Aprendi a ser fiel a minha esposa, mesmo que existam outras realidades. Nada disso importa. Sou feliz por amor verdadeiramente. De minha mãe, a fortaleza de não desistir de nada, mesmo que a vida venha de forma diferente. Estou em Deus e vou terminar a minha vida em seus braços. Fui curado, sou livre, sou feliz, por ter dois pais que me ensinaram com suas vidas dolorosas o verdadeiro sentido da vida.

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