Nota do moderador sobre a materia em exposição
Julio Cesar Carneiro disse:
Durante muito tempo em minha vida, demorei a querer crescer.
Era um adulto, porém no corpo de um adolescente. Era muito, mais muito irresponsável.
Não queria crescer, assumir responsabilidades. Queria passar pela vida,
conforme o meu querer, as minhas vontades. Não aceitava conselhos, e causava um
grande dor em meus filhos, esposa, e mãe. O tempo foi passando, perdendo muitas
coisas. Muitos projetos sendo deixados para depois, e depois. Todos os que
estavam em minha volta sofriam com as minhas atitudes infantis, e irresponsáveis.
Entrei na bebedeira por muitos anos. Já não mais trazia para dentro de casa
comida, e o que era necessário para os meus. Não via os sofrimentos dos meus,
porque estava sempre bêbado, ausente de casa. O tempo foi passando, o casamento
entrando na rotina, e sentido a minha esposa se distanciar. Toda uma carga
ficava sobre ela. Com isso, o cansaço a venceu, e pediu-me que fosse embora de
casa. Já não havia mais amor como antes. Uma grande dor, misturada com revolta
tomou conta do meu coração. Não conseguia aceitar, compreender tudo aquilo.
Aliás, eu não queria aquilo. Eu, não tinha mais domínio sobre o que estava
fazendo. Mas, a mulher não compreendia, e nem aceitava mais aquela situação.
Fui acolhido na casa de minha mãe, que também separado do meu pai por muitos
anos, por causa da bebida, entendia de fato o que em mim se passava. Com um
tempo, Deus foi lapidando a minha humanidade. Fui compreendendo que Deus me
queria junto a minha mãe e irmãos, para que eu compreendesse o que é ser família.
Fui compreendendo que, estar com o meu pai, que vivia em casa separada, o
pudesse ajuda-lo a superar o seu vicio de bebida. E, ao mesmo tempo eu o
olhasse o que foi que a bebida o transformou. De repente, éramos dois homens,
separados por causa do vicio. Deus foi fazendo mais, e cada vez mais doendo.
Aliás, a grande transformação estava acontecendo. A minha mãe foi me
humanizando, restaurando, e o pai, e sua condição foi me preparando para amar
as pessoas além da minha humanidade. Amar os doentes, os pobres, os
desprezados. No final da vida dele, quando eu passava sozinho com ele, durante
uma semana na UTI, onde o corpo dele tentava em vão lutar contra o seu fim, no
silencio dele, onde somente o seu olhar podia me falar o seguinte: “
Olha meu filho, o que a bebida, o vicio fez comigo. Não faça mais isso. Ensina
as pessoas a dizerem NÃO a bebida. Uma vez consumida, torna-se habito, torna-se
vicio, prisão, e morte. Estou sofrendo muito, mais é necessário. Antes de
entrar no céu, preciso morrer para mim mesmo. Não tenha medo do sofrimento. Eu
estou passando por primeiro, para te ensinar como deves ficar quando te
deparares com o teu. Não deixa de amar, e de perdoar as pessoas. Ama, ama
loucamente as pessoas. Não tenha medo de amar, e nem de perdoar”.
O meu pai se foi. Foi logo na minha frente, desde já,
intercedendo por mim. Morreu no dia 08 de Dezembro, as 6:30 da manhã. Dia de
Nossa Senhora da Conceição. Dia em que foi aberta a porta Santa da Misericórdia.
Uma semana antes de sua morte, eu pedia sempre a Nossa Senhora que levasse o
meu pai no dia Consagrado a ela, no dia da Misericórdia. Fui atendido. Estou
ainda cá com a minha mãe. Mas, por pouco tempo também. Cada coisa vai me
ensinando, vai me transformando. Há 4 anos separado de minha esposa, mais,
renovado, curado, fiel ao meu matrimonio. Amando a minha esposa, mesmo que ela
esteja com outro. Sendo fiel a ela até o final. Mesmo na dor, mesmo no
sofrimento, SOU FELIZ, SOU LIVRE. Nunca em minha vida, fui tão feliz, tão
realizado, tão completo, como estou sendo agora no calvário de minha vida,
pregado com Cristo na Cruz. Foi na Cruz que entendi o amor. Foi na Cruz, que
mudei, Foi na Cruz que me tornei mais homem, mais pai, mais esposo, mais filho
Nenhum comentário:
Postar um comentário